IA nas buscas: o que muda para o marketing digital
Por Pablo Larrosa*
ANA SARTORI
23/05/2025 09h56 - Atualizado há 1 dia
Nearsure/Dilvulgação
Por muitos anos, ao realizar uma consulta no Google, temos sido apresentados a uma lista de links organizada por relevância, direcionando-nos para artigos, vídeos ou qualquer outro tipo de conteúdo pertinente. Contudo, a plataforma está prestes a evoluir para algo mais interativo: uma troca direta de informações com uma inteligência artificial (IA) que compreende o contexto de nossa consulta. A partir do “AI Mode”, em fase de testes, o Google pretende transformar sua tradicional busca em um processo conversacional, oferecendo respostas mais diretas e precisas. Este novo modelo não só muda a interação entre usuários e a plataforma, mas também representa uma ruptura no tradicional SEO (Search Engine Optimization), podendo afetar as estratégias de monetização no ecossistema digital. Com a ascensão de Modelos de Linguagem de Grande Escala (LLMs), ferramentas em desenvolvimento ou disponíveis no mercado implementam artigos pagos e guias patrocinados, ilustram como a IA pode mudar a dinâmica da geração de receita online, adotando modelos de monetização semelhantes aos da mídia paga - o que cria novos caminhos de investimentos para as marcas. Embora o tráfego gerado por LLMs ainda seja pequeno em comparação com o tráfego orgânico do Google, é esperado que essa tendência cresça rapidamente, alterando as estratégias de marketing e a forma como as empresas se posicionam no mercado digital. Contudo, essa revolução traz à tona uma preocupação antiga, agora mais urgente: a qualidade do conteúdo. Embora a IA seja eficiente para acelerar a criação de textos, em muitos casos a originalidade e a profundidade dos artigos gerados por humanos ainda são superiores. A verdadeira questão estará em como equilibrar a produção em massa proporcionada pela IA com a autenticidade e a credibilidade do conteúdo humano. Apesar de permitir uma produção mais rápida e escalável, a IA não pode substituir a capacidade de engajamento genuíno que apenas o toque humano pode proporcionar. Isso é especialmente relevante quando consideramos as novas gerações, como a Gen Z, que consome conteúdo de forma muito mais segmentada e exige experiências imediatas e personalizadas. Portanto, a combinação de IA e criação humana será a chave para produzir conteúdo relevante e de qualidade. Além disso, empresas que desejam se manter relevantes precisarão organizar bases de dados estruturadas e limpas, utilizando metodologias como a Geração de Recuperação Aumentada (RAG) para treinar seus sistemas e personalizar conteúdos para diferentes públicos sem perder a consistência da mensagem. À medida que a IA se torna uma parte central da criação de conteúdo, o papel dos criadores também se transforma. Eles deixam de ser apenas produtores de textos para se tornarem curadores e estrategistas da informação. Organizar e filtrar dados de forma eficaz, além de treinar sistemas de IA com esses dados, será um ativo valioso para empresas que buscam se destacar em um mercado saturado. Junto a isso, surge ainda a responsabilidade de manter a qualidade editorial. Em um ambiente onde a velocidade de publicação é uma vantagem competitiva, é importante considerar que a IA ainda erra: um estudo da Columbia Journalism Review descobriu que os principais chatbots citavam fontes de notícias incorretamente 60% das vezes, Ou seja, a ausência de processos rigorosos de validação pode comprometer seriamente a credibilidade de uma marca, gerando retrabalho e perda de confiança no longo prazo. Enquanto isso, a automação vai além da criação de conteúdo. Tecnologias como "Agentic AI" — sistemas capazes não apenas de responder, mas de agir de forma autônoma - estão começando a ser implementadas. Em setores como atendimento ao cliente e manutenção de sistemas, agentes de IA capazes de modificar passagens aéreas ou corrigir falhas em servidores sem intervenção humana indicam que o futuro da automação será profundamente disruptivo. Essas tecnologias não apenas oferecem eficiência, mas também criam novos desafios para empresas e profissionais. Será necessário entender como adotar essas inovações de forma estratégica e medir os retornos desses investimentos, adaptando-se rapidamente às novas exigências do mercado. O impacto da IA no marketing digital, no consumo de conteúdo e nas práticas empresariais promete ser profundo e irreversível, e preparar-se para esse futuro significa investir em tecnologia, mas também em estratégia e talento humano. O futuro será, inevitavelmente, híbrido — uma fusão entre a precisão das máquinas e a sensibilidade das pessoas. Saber equilibrar essas forças será o diferencial para integrar inteligência artificial e humana de forma genuína, estratégica e criativa. *Pablo Larrosa é VP de Tecnología da Nearsure. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
ANA PAULA SARTORI
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