Aumento de mudanças internacionais com pets revela complexidade logística e necessidade de orientação especializada

Primeiro caso concluído com destino à Austrália expõe exigências sanitárias rigorosas e reforça a importância da preparação antecipada

PEDRO SENGER
20/05/2025 12h57 - Atualizado há 1 dia

Aumento de mudanças internacionais com pets revela complexidade logística e necessidade de orientação especializada
Divulgação

O crescimento das chamadas famílias multiespécie — compostas por pessoas e seus animais de estimação — tem impactado não apenas o mercado pet, mas também setores como turismo, aviação e logística internacional. Um reflexo desse movimento é o aumento no número de tutores que optam por levar seus animais em mudanças para o exterior, mesmo quando o destino apresenta exigências sanitárias rígidas. 

De acordo com a International Air Transport Association (IATA), o transporte internacional de animais de estimação cresceu 28% entre 2019 e 2023, impulsionado sobretudo por mudanças de país e realocações familiares após a pandemia. No Brasil, esse movimento é confirmado por consultorias especializadas, que relatam aumento expressivo na busca por suporte técnico para viagens definitivas com pets, especialmente para países como Canadá, Portugal, Alemanha, Estados Unidos e Austrália.

A Austrália é um dos países com maior controle sanitário para entrada de animais. O processo pode levar mais de 365 dias e envolve microchipagem, sorologias específicas, vacinas aplicadas dentro de prazos rigorosos, autorização oficial de importação e quarentena obrigatória. Além disso, o país não permite a entrada direta de pets vindos do Brasil, classificado como território de alto risco para raiva canina. Por isso, é necessário que o animal cumpra uma quarentena prévia em um país considerado livre ou controlado para raiva, conforme lista estabelecida pelo governo australiano. No Brasil, poucos serviços oferecem suporte completo para lidar com essas exigências multilaterais.

Recentemente, a empresa PETFriendly Turismo concluiu seu primeiro caso com destino à Austrália, após mais de um ano de preparação. "Trata-se de um processo técnico, com prazos rígidos e múltiplas etapas. Um erro de documentação ou de calendário pode inviabilizar a entrada do animal no país", explica Juliana Stephani, fundadora da consultoria, especializada em viagens nacionais e internacionais com pets.

Segundo Juliana, tem crescido o número de famílias que consideram o pet parte essencial da estrutura familiar e, por isso, incluem os animais em planejamentos de médio e longo prazo — inclusive em mudanças de país. "Já não se trata apenas de levar o animal nas férias. Cada vez mais pessoas nos procuram com pedidos relacionados à mudança definitiva para o exterior", afirma.

O caso da Austrália traz à tona a necessidade de maior disseminação de informação sobre os requisitos sanitários internacionais. Além da burocracia, o processo exige atenção ao bem-estar animal durante o transporte, planejamento de rotas com escalas apropriadas e até suporte emocional para os tutores, que muitas vezes precisam se separar temporariamente do pet devido às exigências de quarentena.

A PETFriendly Turismo já atuou em processos para diversos países espalhados pelo mundo todo, como Alemanha, Portugal, Reino Unido, Argentina, Canadá, Estados Unidos, Emirados Árabes, entre outros destinos. Em muitos desses casos, cães de médio e grande porte exigem soluções personalizadas para o transporte — inclusive embarques em cabine, quando permitido pelas companhias aéreas e regras do país de destino.

Para Juliana, o crescimento desse tipo de demanda deve vir acompanhado de políticas mais claras sobre mobilidade animal, além de orientação qualificada para garantir segurança jurídica e bem-estar físico aos animais transportados. "Ainda há pouca visibilidade sobre a complexidade envolvida nesse processo. Informação qualificada e planejamento são essenciais", conclui.


 

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PEDRO GABRIEL SENGER BRAGA
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