O Indicador GEduc, levantamento feito com 123 líderes educacionais, incluindo participantes da Educação Básica e do Ensino Superior, mostra uma preocupante ocorrência de casos de saúde mental no ambiente escolar e universitário e que, apesar dos avanços, a educação inclusiva e as práticas antirracistas ainda encontram desafios para a sua plena implementação. A pesquisa é o termômetro do gestor educacional e faz parte da 23ª edição do principal Congresso de Gestão Educacional do Brasil – GEduc, promovido pela HUMUS, empresa que realiza capacitações para gestores de universidades e escolas.
Dos 123 educadores e gestores respondentes, 48,8% têm atuação na Educação Básica e 51,2% na Educação Superior. A maioria (42%) são do Sudeste (cerca de 28% do estado de São Paulo, sede do evento), seguidos por Centro-Oeste (24,9%), Sul (19,4%), Nordeste (10,5%) e Norte (3,2%), evidenciando a diversidade regional do encontro.
Um dos dados da pesquisa que mais chamam a atenção refere-se à saúde mental. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo, realizada a partir de informações do Sistema Único de Saúde (SUS), de 2013 a 2023, revelou que, pela primeira vez na história, os registros de ansiedade entre crianças e jovens superaram os de adultos.
Os resultados do Indicador GEduc apontam na mesma direção: 90% dos entrevistados da Educação Básica (e 85,7% da Superior) declararam que enfrentam casos relacionados a estresse, ansiedade e depressão entre alunos e/ou professores. Para efeito de comparação, em 2024, também segundo o Indicador GEduc, menos da metade das instituições de Educação Básica e cerca de dois terços das de Ensino Superior possuíam políticas estruturadas para saúde mental. Esse aumento, no entanto, não pode ser interpretado de forma isolada ou como falha institucional. É necessário considerar o contexto mais amplo: nos últimos anos, o tema da saúde mental ganhou destaque na sociedade como um todo, com maior visibilidade e sensibilidade para sintomas de estresse, ansiedade e depressão.
Para a CEO da HUMUS, Sonia Colombo, esse quadro reforça a importância de continuar investindo em ações e políticas de suporte, com foco na prevenção, acolhimento e cuidado contínuo. “Problemas relacionados à saúde mental já não são apenas uma possibilidade, mas uma realidade enfrentada por grande parte das instituições de ensino”, afirma.
Outro dado que acende um alerta é a percepção em relação à preparação dos professores para aplicar as novidades tecnológicas em suas aulas – 60% dos entrevistados que atuam na Educação Básica consideram que os educadores não têm essa capacitação. Por outro lado, um número expressivo de respondentes (83,3% da Educação Básica e 88,5% da Superior) afirma que as escolas onde atuam têm revitalizado os currículos para a formação de competências globais nos alunos.
Inclusão e educação antirracista
Ter políticas de inclusão nas escolas, além de atender a legislação em vigor, é essencial para garantir o direito à educação a todos os estudantes. Da mesma forma, a educação antirracista em favor da superação das desigualdades étnico-raciais e do racismo no ambiente escolar é um dos caminhos para uma educação verdadeiramente equitativa.
Na Educação Básica, 85% dos participantes afirmaram que a instituição possui práticas estruturadas para a educação especial e inclusiva. Na comparação com o ano anterior, os números permaneceram estáveis, com uma leve evolução positiva de 0,9%. Esse crescimento, embora discreto, demonstra um compromisso contínuo das escolas com a inclusão e o atendimento adequado aos alunos com necessidades específicas.
Por outro lado, o cenário da Educação Superior revela um movimento oposto e que requer atenção. Enquanto em 2024, 59,6% das instituições indicavam contar com uma estrutura voltada para a educação especial e inclusiva, esse número caiu drasticamente para 34,9% em 2025. Um recuo de 24,7 pontos percentuais, que levanta um alerta para a necessidade de retomar e fortalecer políticas de inclusão no ensino superior, especialmente diante da crescente diversidade dos estudantes que ingressam nesse nível de ensino.
No caso de iniciativas relacionadas à educação antirracista, o descompasso entre Ensino Básicoe Superior se mantém: 70% das escolas possuem uma política estruturada com colaboradores e alunos, contra 49,2% das instituições universitárias.
Revitalização curricular e tecnologias educacionais
Para preparar os estudantes para os desafios do século XXI, as escolas precisam investir em propostas pedagógicas que estimulem a criatividade, o pensamento crítico e a capacidade de resolver problemas, entre outras habilidades. O uso de ferramentas tecnológicas pode contribuir para o desenvolvimento dessas competências, além de potencializar a aprendizagem, o engajamento e o protagonismo dos alunos. Mas, para isso, é preciso que os professores estejam capacitados para trabalharem com esses recursos.
Nesse contexto, a pesquisa revelou outro ponto de atenção: na Educação Básica, 60% dos entrevistados consideram que seus professores não estão preparados para aplicar as novidades tecnológicas em suas aulas, o que sugere a necessidade urgente de ações mais efetivas de formação docente. Na Educação Superior, esse índice cai para 33,3%.
Em relação à revitalização de currículos, 83,3% das escolas e 88,5% das instituições de Ensino Superior têm atuado para a formação de competências globais nos alunos, demonstrando sintonia com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e com as demandas do mundo atual.
Parcerias acadêmicas
Entre as instituições de Ensino Superior que responderam à pesquisa, 58,7% têm parcerias com escolas de Educação Básica, um expressivo aumento de 28,9 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Já entre as escolas de Educação Básica, 45% declararam possuir essa conexão. Na comparação com 2024, houve um decréscimo de 10,1 pontos percentuais.
Segundo Sonia Colombo, “a sinergia entre Educação Básica e Superior pode gerar importantes benefícios para ambos os níveis de ensino, ao promover uma visão integrada do ecossistema educacional e permitir que experiências, desafios e soluções sejam compartilhados”. Outra vantagem, segundo ela, é a possibilidade de alinhamento das práticas educacionais, promovendo maior coerência e favorecendo o desenvolvimento de competências e habilidades de forma contínua, do ensino básico até o universitário.
Pesquisas e gerenciamento de crises
O indicador GEduc também questionou os participantes sobre a realização de pesquisas institucionais. A maioria das instituições consultadas aplica pesquisas de clima organizacional (80% na Educação Básica e 85,7% no Ensino Superior) e para conhecer as necessidades e expectativas de pais e alunos (81,7% das escolas e 59% das faculdades e universidades). E 58,3% das escolas e metade das instituições de Educação Superior têm política estruturada com relação à prevenção e ao gerenciamento de crises de imagem e reputacionais.
Sobre o GEduc – O principal congresso de gestão educacional do país acontece há 23 anos, reunindo os mais importantes players da área para dias de imersão que envolvem palestras e debates de alto nível. O evento é promovido pela HUMUS, empresa que realiza capacitações para gestores de universidades e escolas, além de possuir soluções em consultoria e seleção de profissionais – serviços também exclusivos para o segmento educacional. Com palestrantes de renome, o GEduc é um evento fundamental para os gestores educacionais brasileiros.
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