China e a revolução da Inteligência Artificial

*Por Adilson Batista, especialista em IA Generativa e CIO da Cadastra

NB PRESS
23/04/2025 17h21 - Atualizado há 6 horas

China e a revolução da Inteligência Artificial
Pixabay

Nos últimos anos, percebe-se os avanços impressionantes da China no campo da inteligência artificial (IA). Esse crescimento não chama atenção apenas pela rivalidade tecnológica entre potências como EUA e China, mas principalmente pelo impacto real da IA na economia e na sociedade global. Sempre surge apergunta: será que a China realmente já assumiu a liderança na IA? Embora muita gente diga que sim, precisamos ter uma visão mais ampla e cuidadosa antes de tirar conclusões definitivas. 

A rápida ascensão chinesa 

Tudo começou a ganhar força em 2017, quando o governo chinês lançou o "New Generation AI Development Plan", um plano ousado para transformar o país no maior líder global em IA até 2030, com um mercado previsto em cerca de US$ 150 bilhões. 

Desde então, a China disparou. Em 2017, quase metade dos investimentos mundiais em startups de IA já vinham de lá, superando até mesmo os Estados Unidos. Atualmente, o mercado chinês já vale mais de US$ 70 bilhões, com milhares de empresas atuando em áreas como reconhecimento facial, veículos autônomos e robótica avançada. 

Quantidade versus Qualidade tecnológica 

Quando olho para a produção tecnológica, percebo que a China lidera claramente em número de patentes e publicações acadêmicas sobre IA, superando os EUA por uma boa margem. Empresas chinesas já dominam áreas específicas, especialmente reconhecimento facial, com uma precisão e escala impressionantes. 

Mas, quando analisando mais a fundo, os EUA ainda estão na frente em termos de inovação disruptiva, especialmente na criação de modelos avançados que são a base para inúmeras aplicações comerciais. Ou seja, a China tem avançado rápido em quantidade e aplicações práticas, mas ainda está atrás nas áreas mais sofisticadas e inovadoras. 

Uma economia transformada pela IA 

Economicamente, não há dúvida de que a IA está revolucionando profundamente a China. A previsão é que até 2030 a IA possa adicionar cerca de US$ 7 trilhões ao PIB chinês – uma transformação enorme. 

Grandes empresas como Alibaba, Tencent, Huawei e Baidu têm utilizado a IA intensamente para otimizar operações, reduzir custos e aumentar eficiência, criando um ciclo virtuoso de crescimento. Nesse sentido, a IA já é peça-chave para a competitividade global da China. 

A dimensão política e ética 

O aspecto político dessa história é fascinante. A China vê a IA não só como uma ferramenta econômica, mas também como uma questão estratégica e de segurança nacional. O próprio presidente Xi Jinping reforçou várias vezes a importância da liderança em IA. 

Por isso, o Estado controla rigorosamente o setor, incentivando parcerias entre governo, empresas e instituições acadêmicas. No entanto, isso gera preocupações éticas, especialmente pelo uso intenso da IA para vigilância, levantando debates sobre privacidade e direitos humanos, que certamente continuarão nos próximos anos. 

Desafios no caminho chinês 

Apesar desses avanços, há alguns desafios importantes no caminho da China. 

Primeiro, a dependência de semicondutores avançados, essenciais para tecnologias sofisticadas de IA. As recentes restrições americanas têm criado dificuldades consideráveis, forçando a China a buscar alternativas locais, algo complexo e lento. 

Além disso, há um grande desafio na formação e retenção de talentos especializados. Mesmo formando muitos profissionais anualmente, existe um descompasso entre a oferta e demanda por talentos experientes. 

Por último, existe ainda um desafio na aplicação prática das inovações tecnológicas desenvolvidas nos laboratórios, com muitas tecnologias não sendo rapidamente incorporadas na economia real. 

Conclusão: uma questão ainda aberta 

Não há uma resposta simples sobre se a China já assumiu ou não a liderança em IA. Se olharmos investimentos, quantidade de pesquisas e velocidade de adoção doméstica, a China certamente está na frente. 

Mas, se a liderança envolver inovação disruptiva, capacidade de transformar pesquisas em produtos globais e controle das tecnologias mais estratégicas, os EUA ainda parecem ter uma vantagem importante. 

No final das contas, mais importante do que declarar hoje quem está na frente é entender que essa disputa ainda está acontecendo. O papel da China na IA está sendo construído, assim como o de outros países. Acompanhar de perto essa história, entendendo todas suas nuances, é o grande desafio para todos nós. 

Fica a pergunta: a China já lidera a revolução da IA? A resposta, certamente, dependerá de como cada um interpreta os fatos e as dimensões envolvidas. E é exatamente esse debate que devemos continuar acompanhando.

 

*Adilson Batista é especialista em IA Generativa e CIO da Cadastra. – E-mail: [email protected]  

Sobre Adilson Batista

Nascido em 1976, na cidade de São Paulo, Adilson Batista é CIO da Cadastra, além de especialista em Inteligência Artificial Generativa. Seu trabalho combina três competências distintas: design, tecnologia e estratégia de negócios. Atuou como vice-presidente da Wunderman e diretor de estratégia digital da Young & Rubicam, hoje VML. Foi fundador e CEO da agência digital Today e da consultoria de transformação de negócios Adbat, dedicando-se a projetos focados em negócios digitais. Para mais informações, acesse: https://www.linkedin.com/in/adilson/  

 

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