São Paulo, abril de 2025 – Implementado no Brasil há uma década pelo Colégio Visconde de Porto Seguro, o projeto Pequeno Cientista consolidou-se como uma iniciativa transformadora no ensino de ciências para crianças. Com uma metodologia, criada na Alemanha, que estimula a experimentação e o pensamento científico desde os primeiros anos da educação, o programa já beneficiou aproximadamente mil professores e vinte mil alunos e expandiu-se para além dos muros do Colégio impactando redes municipais de ensino no estado de São Paulo.
Carla Siqueira, educadora responsável por aplicar o projeto no Brasil, conta que os estudantes do Porto Seguro iniciam suas experiências científicas no fim de fevereiro. “Além do trabalho com os alunos do Colégio, a formação de professores tem sido um dos principais pilares da iniciativa”, afirmou. Atualmente, cerca de 120 educadores da Educação Infantil e do 1o ano do Ensino Fundamental I foram capacitados, incluindo professores de classe e especialistas, como os de Música. A educadora conta que, no ano passado, a formação foi ampliada para professores de Inglês, com a capacitação de 46 docentes dos três câmpus do Colégio para atuar com o ensino de ciências.
O impacto do Pequeno Cientista também é notado nas redes municipais de ensino de Jundiaí e Valinhos, ambas no interior de São Paulo. Com a autorização para aplicar o Pequeno Cientista, e formar professores para ele, em todo o estado, o Colégio Visconde de Porto Seguro foi procurado pelo município de Jundiaí, que adotou o programa há três anos, contando com aproximadamente novecentos professores capacitados. O município incorporou o projeto ao planejamento pedagógico e passou a utilizar a certificação como parte da proposta educacional. As experiências científicas tornaram-se atividades frequentes nas escolas, com a produção de portfólios pelos alunos e a participação ativa das famílias em eventos que promovem a ciência de forma lúdica.
Valinhos, que iniciou a participação no programa em 2023, ampliou suas atividades em 2024. Após a capacitação inicial das coordenadoras pedagógicas, a formação foi estendida para professores, com encontros ao longo do primeiro e segundo semestres. O município trabalha atualmente com dois grandes temas: água e luz; cor e visão. Os professores têm aplicado as atividades em sala de aula de acordo com a recomendação do programa de realizar experiências a cada 15 dias. Assim como o município de Jundiaí, Valinhos incorporou o projeto Pequeno Cientista ao seu plano anual de ensino.
Um legado para a educação científica
Carla Siqueira relata que tudo começou em 2000. Na época, a Alemanha não tinha destaque no mundo em relação à educação aplicada nas escolas. O país chegou a ocupar o 20o lugar no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), principalmente nas disciplinas de Matemática e Ciências Naturais, o que gerou apelos por reforma. “A Alemanha começou, então, a analisar com as universidades e os gestores de educação o que era preciso fazer para aprimorar seu ensino. Juntos, compreenderam que não adiantava intervir no conhecimento consolidado de um adolescente; o que deveriam fazer era começar com as crianças”, explica. Dessa maneira, completa a educadora, com o apoio do Ministério da Educação e Desenvolvimento Alemão, de universidades e de empresas, em 2006 foi criada a Casa do Pequeno Cientista, com o intuito de oferecer uma série de experiências lúdicas para crianças de 3 a 6 anos de idade. Hoje, aproximadamente quarenta mil escolas de Educação Infantil, somente na Alemanha, já adotam o projeto.
O trabalho oferecido pela Casa do Pequeno Cientista despertou tanta atenção dos educadores espalhados pelo mundo que, em 2014, o Colégio Visconde de Porto Seguro decidiu entrar em contato com os criadores do projeto para implementá-lo no Brasil. Foram abordados seis temas, com a participação das duas educadoras alemãs. Em cada área, 28 professores do Colégio foram formados. Depois de receberam a certificação, esses profissionais foram liberados para aplicar o programa e, então, passaram a formar os outros professores do Colégio. Em 2015, o Porto tornou-se a primeira e única instituição de ensino da América Latina a ter autorização para aplicar os métodos da Casa do Pequeno Cientista. Para ter o domínio de outros temas, a coordenadora fez a formação na Alemanha, compartilhando, posteriormente, os assuntos abordados com a equipe do Colégio.
Ao longo de uma década de trajetória, o Pequeno Cientista já beneficiou aproximadamente vinte mil alunos, incentivando o interesse pela ciência e a abordagem investigativa no aprendizado. O projeto continua em expansão e se consolidando como referência no ensino de ciências para crianças, reforçando a importância da experimentação desde os primeiros anos escolares. O impacto positivo nas redes públicas demonstra como a parceria entre instituições privadas e municípios pode contribuir significativamente para a educação brasileira, ampliando horizontes e despertando vocações científicas desde cedo.
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FELIPE LUIS DA SILVA BLANCO
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