Centro Interpretativo "Os Murais de Almada nas Gares Marítimas" é inaugurado em Lisboa
Abertura ocorreu no último dia 7, data de celebração do nascimento do artista
Lívia Aragão
10/04/2025 15h07 - Atualizado há 2 dias
Associação Turismo de Lisboa
A oferta cultural e turística de Lisboa ganha um novo destaque com a inauguração do Centro Interpretativo “Os Murais de Almada nas Gares Marítimas”, um espaço dedicado à obra monumental de Almada Negreiros, permitindo acesso às emblemáticas pinturas murais existentes nas Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos, edifícios projetados pelo arquiteto Porfírio Pardal Monteiro, inaugurados nos anos 40 do século XX. Esse novo projeto, promovido pela Associação Turismo de Lisboa (ATL), em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e a Administração do Porto de Lisboa, dá a conhecer a história das Gares Marítimas e a vida e obra de Almada Negreiros, naquele que é o maior e mais significativo conjunto de pintura mural do século XX, em Portugal. Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, afirma que “abrir as Gares Marítimas à população é mais um passo na valorização do patrimônio da cidade. Com este Centro Interpretativo, lisboetas, residentes e turistas terão finalmente acesso a uma das maiores obras do modernismo português." Por sua vez, Hugo Espírito Santo, secretário de Estado das Infraestruturas, destaca que “o Centro Interpretativo dos Murais de Almada nas Gares Marítimas representa um novo capítulo na relação do Porto de Lisboa com a cidade e as suas populações, evidencia mais uma etapa do percurso de reabilitação das gares marítimas e da valorização dos murais de Almada Negreiros, e reafirma o compromisso com a preservação e promoção deste importante patrimônio histórico e cultural de Portugal”. Localizado no piso 0 da Gare Marítima de Alcântara, o Centro Interpretativo conta com nove salas onde os visitantes podem embarcar numa viagem pela história do Porto de Lisboa, a importância da construção das Gares Marítimas e o processo criativo de Almada Negreiros na elaboração dos murais, na década de 1940. Nas salas “Cais”, “Passagens”, “Partidas” e “Chegadas” é apresentada a história da construção das Gares de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos, bem como a passagem de alguns acontecimentos históricos pelas mesmas, como a II Guerra Mundial, a emigração, a Guerra Colonial e a subsequente descolonização e regresso dos portugueses das ex-colônias. Já as salas “O que contam as paredes”, “História mural” e “Diz que disse” são dedicadas às pinturas murais em ambas as gares, a todo o processo criativo que esteve por trás das mesmas e às entrevistas e depoimentos de Almada durante e após a sua conclusão. Por fim, as salas “Almada em Lisboa” e “Almada Negreiros, artista” mostram alguns dos principais momentos da vida e da obra de Almada Negreiros, bem como locais em Lisboa onde as suas obras podem ser encontradas. No piso 1, de ambas as gares, os visitantes poderão apreciar os murais das Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde d’Óbidos, pela primeira vez abertas ao público, numa visita apoiada através de audioguia. O restauro dos murais da Gare Marítima Rocha do Conde de Óbidos foi finalizado recentemente, através de um financiamento garantido pela World Monuments Fund, uma organização sem fins lucrativos que tem como missão a proteção de patrimônio cultural insubstituível em todo o mundo, com um programa bianual designado World Monuments Watch que, a cada edição, seleciona 25 lugares em diferentes geografias com notória relevância histórico-artística. O Centro Interpretativo “Murais de Almada nas Gares Marítimas” reforça a oferta cultural e turística de Lisboa, no eixo Alcântara-Belém, e pode ser visitado todos os dias, das 10 às 19 horas, gratuitamente com o Lisboa Card (https://shop.visitlisboa.com/pt/products/lisboa-card), ou com bilhetes a 5€. O transporte gratuito entre as duas gares, situadas a 800 metros de distância, será assegurado por um veículo propositadamente construído com base no projeto original do carrinho de bagagens, desenhado pelo atelier do arquiteto Porfírio Pardal Monteiro. A conceção e coordenação dos conteúdos do Centro Interpretativo são da responsabilidade de Mariana Pinto dos Santos, historiadora da arte e curadora independente, docente na NOVA Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, investigadora integrada no Instituto de História da Arte da NOVA FCHS e no Laboratório associado IN2PAST. O projeto conta com a colaboração das netas do artista, Rita Almada Negreiros e Catarina Almada Negreiros, do Centro de Estudos e Documentação Almada Negreiros – Sarah Affonso (NOVA FCSH), do Instituto de História da Arte da NOVA FCSH, do Laboratório HERCULES, da Fundação Calouste Gulbenkian, entre outras entidades. Com investimento de 3,5 milhões de euros, o projeto foi financiado pelo Turismo de Portugal no âmbito do Plano de Obras – Casino Lisboa, pela Associação Turismo de Lisboa e pela Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa. Mais informações: www.muraisalmadagaresmaritimas.pt Vida e obra de Almada Negreiros José Sobral de Almada Negreiros foi um artista polivalente que, com a escrita, o teatro, a dança e várias artes plásticas, marcou a modernidade em Portugal. Nasceu em São Tomé, em 1893. Depois da morte da mãe, em 1896, cresceu e foi educado em Lisboa com o irmão António no colégio interno dos Jesuítas de Campolide. Em 1913, Almada fez a sua primeira exposição individual, de desenhos humorísticos. Foi um dos colaboradores da revista literária de vanguarda Orpheu, fundada pelos poetas Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, em 1915. Fez a vanguarda futurista em Portugal, que se pautou por um forte caráter performativo, e escreveu quatro manifestos artísticos. Em 1917, publicou a novela A Engomadeira (1917), o conto futurista K4 O Quadrado Azul (1917) e Saltimbancos (contrastes simultâneos) (1916). As décadas de 1910 e 1920 foram férteis em colaborações e projetos, num desejo de ruptura com o passado que encontrou nova expressão com a libertação de costumes e a vida boêmia dos anos 20, de novo tolhida com o golpe militar de 1926 que instaurou a ditadura em Portugal. Em 1919 foi para Paris, onde viveu durante um ano. Da experiência dessa viagem resultou a conferência poética A Invenção do Dia Claro (1921). Data de 1925 a escrita do seu romance, Nome de Guerra, esquecido numa gaveta e só publicado em 1938. Nos anos 1920, escreveu várias peças de teatro, algumas das quais publicadas 30 anos depois. Em 1927, partiu para Madri, onde residiu até 1932. Estabeleceu-se na cena artística madrilena, com exposições individuais e coletivas, colaborando sempre com músicos, escritores e arquitetos. Almada Negreiros deixa a Espanha quando da constituição do Estado Novo e António de Oliveira Salazar assume ao poder (1933). A política cultural da ditadura implementa uma nova forma de trabalho para os artistas, que ficam dependentes de encomendas de Estado. Respondendo a encomendas públicas e algumas privadas, fez vitrais, azulejos, pintura mural, entre outros trabalhos, sobretudo em colaboração com o arquiteto Porfírio Pardal Monteiro. Esses trabalhos despertaram nele um interesse pela geometria e os seus estudos autodidatas levaram-no, mais tarde, à pintura geométrica abstrata. Em 1934, casou com a pintora Sarah Affonso, com quem teve dois filhos. Na décade de 40, foi chamado a fazer as polêmicas pinturas murais para as Gares Marítimas de Alcântara e Rocha do Conde de Óbidos, em Lisboa, que terminou em 1949. Em 1954 fez o primeiro de dois famosos retratos icônicos de Fernando Pessoa. A sua última encomenda foi o painel de desenho geométrico inciso em pedra, Começar (1968), para a Fundação Calouste Gulbenkian. Morreu em Lisboa, em 15 de junho de 1970, no Hospital de São Luís dos Franceses. Sobre a Associação Turismo de Lisboa (ATL) Fundada em 1998, a ATL é uma organização sem fins lucrativos constituída através de uma aliança entre entidades públicas e privadas que operam no setor do turismo. Atualmente conta com cerca de 900 associados, tendo como principal objetivo melhorar e incrementar a promoção de Lisboa como destino turístico e, consequentemente, aprimorar a qualidade e competitividade. Informações: www.visitlisboa.com https://www.instagram.com/visit_lisboa/ https://www.facebook.com/visitlisboa https://twitter.com/TurismodeLisboa Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
LIVIA ARAGAO MC CARDELL
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FONTE: www.visitlisboa.com