Ducoco, St. Marche e Bombril: o que significa a persistência dos pedidos de recuperação judicial em 2025

Esses pedidos de recuperação judicial, em 2025, refletem a continuidade e o agravamento da crise econômica que impacta o cenário empresarial brasileiro.

PAULO UCELLI
05/03/2025 13h30 - Atualizado há 1 mês

Ducoco, St. Marche e Bombril: o que significa a persistência dos pedidos de recuperação judicial em 2025
Divulgação

O ano de 2025 começa seguindo a tendência de pedidos de recuperação judicial no Brasil, refletindo um cenário de dificuldades econômicas em várias indústrias. Entre as empresas que entraram com pedidos de recuperação estão a Ducoco Produtos Alimentícios, tradicional empresa cearense especializada em derivados de coco. A Ducoco busca reestruturar uma dívida de aproximadamente R$ 670 milhões, com o objetivo de reorganizar suas finanças e garantir a continuidade de suas operações.

Além disso, o Grupo St. Marche também fez movimentações no sentido de reestruturar sua situação financeira, ingressando com um pedido de Tutela de Urgência Cautelar na Justiça. Na terça-feira, 18 de fevereiro, o juiz concedeu parcialmente o pedido, suspendendo as execuções contra a empresa por 60 dias, com base em créditos sujeitos à recuperação judicial. A dívida do Grupo St. Marche, inicialmente reportada em R$ 314 milhões, foi revisada e alcançou R$ 639 milhões, apenas em passivos com instituições financeiras.

Outro exemplo significativo vem da Bombril, marca icônica no Brasil, que entrou com um pedido de recuperação judicial em São Paulo, com dívidas que somam R$ 332,8 milhões. O maior obstáculo, porém, é uma disputa com a Receita Federal, que cobra R$ 2,3 bilhões, referente à não quitação de impostos em transações realizadas entre 1998 e 2011, quando a empresa era controlada por um grupo italiano.

Esses pedidos de recuperação judicial, em 2025, refletem a continuidade e o agravamento da crise econômica que impacta o cenário empresarial brasileiro. O aumento de pedidos de recuperação de empresas de grande porte demonstra que a necessidade de reestruturação financeira permanece em alta, já que as dificuldades econômicas não foram superadas no ano anterior.

O impacto econômico e as ações necessárias para superar a crise

"O mercado brasileiro, assim como muitos países ao redor do mundo, tem enfrentado grandes dificuldades para se recuperar pós-pandemia. Além disso, as oscilações políticas e econômicas globais também impactaram o cenário econômico interno. Os principais players do mercado sobreviveram nos últimos anos, mantendo suas operações no vermelho e recorrendo a empréstimos para evitar o fechamento", explica Denis Barroso, sócio da Barroso Advogados Associados e especialista em recuperação empresarial.

O aumento das taxas de juros, que tornam o crédito mais caro, a lenta recuperação do consumo e a perda de poder aquisitivo da população são fatores que têm contribuído para o aumento de pedidos de recuperação judicial no Brasil. "As empresas precisam reavaliar sua estrutura organizacional, considerando não apenas a recuperação judicial, mas também opções como reestruturação interna e negociação com credores", alerta Benito Pedro, sócio da Avante Assessoria Empresarial.

As empresas do setor varejista e de serviços têm sido especialmente afetadas, já que a recuperação das vendas ainda não é suficiente para gerar fluxo de caixa adequado e pagar as dívidas atuais. O aumento dos juros agrava ainda mais essa situação, tornando os custos mais elevados e reduzindo os lucros.

Como evitar a crise e o impacto da recuperação judicial?

“Em momentos de crise, é fundamental que as empresas compreendam que nenhuma organização está imune a problemas financeiros, e que estes podem surgir a qualquer momento. Investir em controles e gestão adequados é crucial para identificar e corrigir pontos de vulnerabilidade e garantir que o negócio se mantenha competitivo no mercado”, alerta Denis Barroso.

A recuperação judicial pode ser uma alternativa eficaz para empresas que estão com dificuldades financeiras, permitindo a reestruturação das dívidas e a continuidade das operações. No entanto, a opção pela recuperação judicial não deve ser tomada de forma precipitada. É essencial que a empresa faça uma análise profunda de sua situação financeira, de seus processos internos, da gestão de seus recursos e de suas estratégias de mercado para identificar e resolver as causas da crise.

"É importante ressaltar que, além da recuperação judicial, as empresas devem estar preparadas para explorar alternativas como a negociação direta com credores ou a busca por investidores, com o apoio de assessoria especializada. O acompanhamento profissional para entender as opções disponíveis e tomar decisões informadas é essencial nesse cenário de crise", complementa Benito Pedro.

Esse aumento no número de pedidos de recuperação judicial no Brasil e no exterior é um reflexo claro da crise econômica que assola o país. No entanto, as empresas que estiverem dispostas a revisar sua estratégia, repensar suas operações e adotar uma gestão financeira sólida têm a chance de superar as dificuldades e sair mais fortes dessa situação.


Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
Paulo Fabrício Ucelli
[email protected]


Notícias Relacionadas »