Com dramaturgia premiada espetáculo Levante faz novas apresentações em São Paulo

Montagem traz à cena a história de amor e resistência de dois casais de mulheres brasileiras em diferentes tempos e a luta do movimento lésbico-feminista do Brasil.

NOSSA SENHORA DA PAUTA ASSESSORIA DE COMUNICAçãO
25/02/2025 19h36 - Atualizado há 1 mês

Com dramaturgia premiada espetáculo Levante faz novas apresentações em São Paulo
Crédito Lais Catalano Aranha
Vencedor da 8ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo, o espetáculo LEVANTE, texto de Andrezza Czech e direção de Eliana Monteiro, faz novas apresentações em São Paulo. As sessões acontecem dias 8 e 9 de março, sábado às 19h e 21h e domingo às 20h, no Teatro Manás Laboratório (a sessão das 19h de sábado é acessível em libras e audiodescrição e a sessão de domingo contará com bate-papo do elenco com o público após a apresentação).

Completado 60 anos do golpe militar no Brasil, LEVANTE mostra a história de amor e resistência de dois casais de mulheres brasileiras em diferentes tempos. Enquanto duas vivem os principais atos do movimento lésbica-feminista nos anos 1980, durante a ditadura civil militar, as outras passam por situações semelhantes nos tempos atuais.


LEVANTE também traz a recuperação histórica de mulheres lésbicas artistas e ativistas do período da ditadura, como Cassandra Rios e Rosely Roth. Cassandra foi a escritora mais censurada durante a ditadura civil militar (36 dos seus 50 livros foram censurados), e ainda assim foi a primeira escritora brasileira a vender mais de um milhão de cópias de livros, superando na época escritores como Jorge Amado e Clarice Lispector. Já Rosely Roth foi uma das mais importantes ativistas lésbicas do período, sendo destaque no Levante no Ferro's Bar quando subiu em uma cadeira no dia da invasão do bar e discursou contra o preconceito e a violência.

Além de ser a autora de LEVANTE, Andrezza Czech também é a idealizadora da montagem e está em cena ao lado das atrizes Jéssica Barbosa (indicada ao prêmio Shell de Teatro 2023 como melhor atriz por Em Busca de Judith), Julianna Gerais e Sol Faganello. A peça possui uma equipe artística inteiramente formada por lésbicas, bissexuais, pansexuais, transmasculines e pessoas não-binárias.

Luta urgente
Para Andrezza Czech, a volta do espetáculo aos palcos recupera a memória de mulheres que resistiram e lideraram protestos como o Levante no Ferro’s Bar, ocorrido em 19 de agosto de 1983, data que posteriormente deu origem ao Dia do Orgulho Lésbico. O levante no Ferro’s Bar, um dos principais marcos da história do movimento lésbica-feminista é um dos eventos centrais abordados na peça.

“Inicialmente, o texto tinha o objetivo de recuperar momentos e eventos marcantes do movimento lésbica-feminista do período da ditadura militar brasileira, mas fui ampliando a história para a contemporaneidade, trazendo características como o tempo espiralar e o espelhamento para a narrativa como forma de denunciar o quanto a luta pela nossa existência e nossos direitos ainda é urgente”, destaca a autora e atriz.

"LEVANTE trata também de histórias de amor. Essas personagens espelhadas e suas falas simultâneas apontam para uma narrativa de carinho e presença", explica a diretora Eliana Monteiro.

O espetáculo integrou a programação do Festa 66 – Festival Santista de Teatro, na cidade de Santos, além de apresentações em Santo André e Ribeirão Preto. A capital paulista é a última cidade da temporada itinerante que acontece com apoio do Edital Lei Paulo Gustavo SP – Difusão Cultural.

O Levante no Ferro's Bar
O Ferro’s era o principal local onde as lésbicas se encontravam entre os anos 60 e 80 em São Paulo. Foi lá que, em 23 de julho de 1983, quando Rosely Roth e outras ativistas vendiam o ChanacomChana (primeiro folhetim lésbico do país), os donos do bar proibiram com violência a venda do jornal. Em 19 de agosto do mesmo ano, as mulheres do GALF (Grupo de Ação Lésbica Feminista) organizaram o que hoje é conhecido como o Levante no Ferro’s Bar, manifestação que foi um marco na luta do movimento LGBTQIAPN+ por seus direitos, considerada o “pequeno Stonewall brasileiro”.

Rosely, assim como outras ativistas, inspiraram a criação das mulheres de LEVANTE. O espetáculo surgiu com o objetivo de relembrar principais atos do movimento lésbica-feminista durante a ditadura militar brasileira a partir do encontro entre duas mulheres: um amor que começa na primeira manifestação LGBTQIAPN+ do Brasil (realizada em frente ao Theatro Municipal de São Paulo em 13 de junho de 1980), resiste à Operação Sapatão (ocorrida em 15 de novembro de 1980, quando a Polícia Militar foi às ruas de São Paulo com o objetivo de prender o maior número possível de lésbicas), e se fortalece na luta do levante no Ferro’s Bar.

Sobre Eliana Monteiro
Mestre em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA – USP), formada em Artes Cênicas pela Universidade São Judas, em interpretação pela Escola Superior de Teatro Célia Helena, e em direção pela Escola Livre de Santo André. Vencedora do Shell 2024 de melhor cenário por Agropeça, do Teatro da Vertigem. É encenadora e orientadora artístico-pedagógica de escolas e grupos de teatro e integra o grupo Teatro da Vertigem desde 1998, tendo sido responsável pela direção da intervenção urbana A Última Palavra é a Penúltima 2.0 (2008 e 2014), por ocasião da 31ª Bienal de São Paulo, e dos espetáculos Mauísmo, Kastelo e O Filho. Codirigiu o espetáculo Bom Retiro 958 Metros; participou como diretora de cena e assistente de direção dos espetáculos O Paraíso Perdido, O Livro de Jó, Apocalipse 1,11, BR-3, História de Amor Últimos capítulos, Dire ce quon ne pense pas dans des langues quon ne parle pas; e nas óperas Dido e Enéas e Orfeo ed Euridice. Foi indicada ao Prêmio Shell de Teatro 2006 na categoria especial pela direção de cena e logística de apoio à cena do espetáculo BR-3. Em 2017, dirigiu a peça Enquanto Ela Dormia em temporada no SESI Paulista, tendo circulado em centros culturais em São Paulo. Foi curadora das atividades pedagógicas da MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo em 2018/2019, e do FIT - Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto em 2019.

Sobre Andrezza Czech
Idealizadora, dramaturga e atriz de LEVANTE é também é roteirista, diretora e jornalista, formada pela Faculdade Cásper Líbero, ELT, SP Escola de Teatro, Roteiraria e Academia Internacional de Cinema. Tem produção artística voltada para o universo LGBTQIAPN+, com enfoque em narrativas sáficas, e estudou dramaturgia com Dione Carlos (Prêmio Shell de Teatro de Melhor Dramaturgia 2023) e Marici Salomão. No teatro, teve leitura encenada de seu texto cabra-cega dirigida por Aysha Nascimento no Núcleo de Dramaturgia do SESI-SP (2019). Atuou em Fissura (2019), direção de Maria Amélia Farah (Cia Hiato), e Interruptor – dispositivos para desligar a corrente (2024), peça do Grupo XIX de Teatro dirigida por Ronaldo Serruya. No audiovisual, é roteirista, codiretora e protagonista da websérie LBT+ Os Signos das Minhas Ex (2023, melhor série de comédia, melhor atriz de comédia e melhor pitching pelo RioWebFest), e atuou nos curtas Casa (2020 prêmio do público na Mostra Cinemulti), Fora de Época (2020, menção honrosa no Festival de Cinema de Vitória), e 62 segundos (2020, vencedor do DepicT Brasil); além do videoclipe Salomé (2021, vencedor do California Music Video & Film Awards). Também roteiriza e atua em Amígdalas, curta com Gilda Nomacce com previsão de lançamento para o segundo semestre. Seu projeto Manual da (não tão) Nova L foi finalista do concurso de Roteiros na categoria Piloto de Série do FRAPA em 2022, maior festival de roteiro da América Latina, recebendo menção honrosa do júri, e semi-finalista do Guiões 2024, maior festival de roteiro de língua portuguesa do mundo.


Serviço:

Espetáculo
LEVANTE
8 e 9 de março, sábado às 19h e 21h e domingo às 20h, no Teatro Manás Laboratório (a sessão das 19h de sábado é acessível em libras e audiodescrição e a sessão de domingo contará com bate-papo do elenco com o público após a apresentação).
Teatro Manás Laboratório – Rua Treze de Maio, 222 – Bela Vista, São Paulo.

50 minutos | 14 anos | R$ 15,00 a R$ 30,00 no site Sympla (ingressos gratuitos para: alunos e professores de instituições públicas, estudantes do Prouni, profissionais de saúde, integrantes de coletivos culturais e de associações comunitárias)


Ficha Técnica:

Direção e Cenografia – Eliana Monteiro. Idealização, Coordenação Geral e Dramaturgia Andrezza Czech. Elenco Andrezza Czech, Jéssica Barbosa, Julianna Gerais e Sol Faganello. Músico em Cena/ Trilha Sonora – Riba Canhestro. Direção Técnica e Assistência de Direção Lu Maya. Desenho de Luz Aline Santini. Figurino Lívia Barros (Ken-gá Bitchwear). Mapping e Vídeo GIVVA. Operação de Luz Marina Gatti. Operação de Som – May Manão. Fotografia, Captação de Vídeo e Identidade Visual – Laís Catalano Aranha. Consultoria em Acessibilidade – Vanessa Bruna. Audiodescrição – Bruna Tonso. Redes Sociais Andrezza Czech. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Produção – Corpo Rastreado (Nathalia Morais e Keila Maschio).
 

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FREDERICO PAULA JUNIOR
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