Atestado de ignorância

Sustentabilidade

Renato Nalini
17/02/2025 15h29 - Atualizado há 2 meses

Atestado de ignorância
Domínio Público
            Entrou na moda o “atestado de vida”. Os inativos, todo aniversário, têm de mostrar que estão vivos. Sem isso, não receberão os proventos da aposentadoria. Aquilo que conquistaram após décadas de trabalho, pode ser interrompido porque o Estado não tem condições de saber se ele continua a respirar. Haja burocracia, custosa e sacrificada para quem já foi premiado com alguma limitação física.
            Antigamente havia o “atestado de pobreza”, uma declaração de insuficiência financeira que habilitava o beneficiado a receber algum auxílio assistencial. Mas ninguém fala em “atestado de ignorância”, mas ele existe. Não formalmente, mas de maneira muito evidente, emitido por pessoas que fazem questão de mostrar o seu desconhecimento sobre a realidade.
            Emite “atestado de ignorância” quem detesta árvore. Quem não quer árvore diante de sua casa, porque “quebra a calçada”, “deixa cair folhas”, é “esconderijo de bandido”. Ignora, esse humano, que árvore é vida. Que as regiões sem árvores têm de cinco a dez graus de temperatura a mais do que os lugares arborizados. Água presta um serviço ecossistêmico importante: faz a fotossíntese, sequestra carbono, purifica o ar. Garante que haja água e sem água não se vive. Um “atestado de civilização” é amar as árvores, defender as árvores, plantar árvores. Por isso é que as cidades mais adiantadas do mundo fazem campanhas de arborização e se tornam a cada dia mais verde.

            É o que São Paulo pretende fazer em 2025, inclusive para prestigiar a COP30, que pela segunda vez será realizada no Brasil. A primeira foi em 1992, a ECO do Rio de Janeiro.
            E você? Vai emitir o seu “atestado de civilização”? Vai participar do grande plantio que ocorrerá na cidade durante todo este ano? Procure espaços que possam receber mais árvores. Avise a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente ou a Secretaria das Mudanças Climáticas da Prefeitura. Você estará tornando São Paulo mais agradável, com temperatura mais amena, com chuvas regulares e não torrenciais, fruto das emergências climáticas. Por sinal, geradas pelo aquecimento global, que se agrava pela falta de árvores.

*José Renato Nalini é Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.   
 

Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
LUCIANA FELDMAN
[email protected]


Notícias Relacionadas »