Bebês e Uso de Telas: O Que Você Precisa Saber Segundo a Pediatra Neonatologista Dra. Renata Castro

SARAH MONTEIRO
04/02/2025 10h36 - Atualizado há 4 horas
Bebês e Uso de Telas: O Que Você Precisa Saber Segundo a Pediatra Neonatologista Dra. Renata Castro
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O uso de telas, como celulares, tablets e televisores, tornou-se uma prática comum nas famílias modernas, inclusive entre bebês. No entanto, especialistas alertam que a exposição precoce e excessiva a dispositivos eletrônicos pode impactar negativamente o desenvolvimento infantil. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Academia Americana de Pediatria (AAP) recomendam que crianças menores de 2 anos evitem o uso de telas, com exceção de chamadas de vídeo para contato com familiares. Estudos mostram que a exposição excessiva pode afetar o desenvolvimento cognitivo e prejudicar a saúde visual dos bebês.

No Brasil, uma pesquisa revelou que 40% das crianças menores de 2 anos já fazem uso de dispositivos eletrônicos. Nos Estados Unidos, a porcentagem é ainda maior, chegando a 66%. Esses números demonstram a necessidade urgente de conscientizar as famílias sobre os riscos do uso excessivo de telas na primeira infância e incentivar alternativas mais saudáveis para o desenvolvimento infantil.

Por que isso está acontecendo?

Dra. Renata Castro explica que há diversos fatores que contribuem para a introdução precoce das telas na vida dos bebês.
    1.    Facilidade para Distrair e Acalmar: Muitos pais recorrem às telas como uma ferramenta rápida para entreter ou acalmar os bebês, especialmente em momentos de cansaço ou necessidade de descanso.
    2.    Necessidade de Tempo para Tarefas Domésticas e Trabalho: Com a rotina corrida, pais que trabalham em casa ou precisam realizar tarefas diárias encontram nos dispositivos eletrônicos uma solução prática para manter os filhos ocupados.
    3.    Falta de Alternativas Acessíveis: Em áreas urbanas ou em períodos como o inverno, a ausência de espaços adequados para brincadeiras ao ar livre faz com que a tela se torne uma opção viável para entreter as crianças.
    4.    Pressão Social e Influência da Tecnologia: Existe uma percepção equivocada de que a introdução precoce da tecnologia pode ser benéfica para o desenvolvimento cognitivo, levando muitas famílias a adotá-la sem critérios.
    5.    Modelos Comportamentais: Bebês tendem a imitar os adultos ao seu redor. Se os pais passam muito tempo em frente às telas, as crianças naturalmente seguem esse comportamento.

Os Prejuízos do Uso Excessivo de Telas para Bebês

Embora os motivos para o uso de telas sejam compreensíveis, os impactos negativos não podem ser ignorados. Segundo a Dra. Renata Castro, o uso excessivo de telas pode comprometer o desenvolvimento neuropsicomotor e a qualidade do sono dos bebês. Entre os principais prejuízos estão:
    1.    Atraso na Fala: A exposição a telas reduz o tempo de interação verbal entre pais e bebês, essencial para o desenvolvimento da linguagem. Estudos indicam que crianças que passam muito tempo em frente às telas apresentam maior risco de atraso na fala.
    2.    Problemas na Atenção e Concentração: Estímulos rápidos e intensos das telas podem prejudicar a capacidade das crianças de manter a atenção sustentada em atividades que exigem raciocínio e concentração.
    3.    Atraso no Desenvolvimento Motor: O tempo excessivo de tela reduz oportunidades para brincadeiras ativas, essenciais para o fortalecimento da musculatura e para habilidades como engatinhar e andar.
    4.    Distúrbios do Sono: A luz azul emitida pelos dispositivos eletrônicos interfere na produção de melatonina, prejudicando a qualidade do sono e podendo causar insônia ou dificuldade para adormecer.
    5.    Dificuldades na Socialização: O tempo prolongado de tela pode substituir interações essenciais com pais e outras crianças, comprometendo o desenvolvimento de habilidades sociais, como empatia e comunicação interpessoal.

Cinco Dicas para Reduzir o Uso de Telas e Proteger o Desenvolvimento dos Bebês

Dra. Renata Castro enfatiza que os pais precisam buscar alternativas para reduzir a exposição dos bebês às telas e incentivar hábitos mais saudáveis. Para isso, ela sugere cinco estratégias:
    1.    Evite o Uso de Telas nos Primeiros 2 Anos: A recomendação médica é clara: até os dois anos, o uso de telas deve ser evitado, exceto para chamadas de vídeo com familiares. O contato direto com o ambiente e com outras pessoas é insubstituível para o desenvolvimento infantil.
    2.    Crie Rotinas com Brincadeiras Ativas: Proporcione momentos de interação com brinquedos educativos, música e exploração sensorial. Brincadeiras simples, como empilhar blocos ou folhear livros, estimulam o cérebro de forma saudável.
    3.    Substitua o Entretenimento Digital por Interações Reais: Em vez de recorrer ao tablet para acalmar o bebê, experimente passeios curtos, massagem relaxante ou histórias narradas pelos pais. A presença física e o contato visual são essenciais para o desenvolvimento emocional.
    4.    Seja um Exemplo: Se os pais passam muito tempo no celular, os bebês tendem a querer fazer o mesmo. Reduzir o uso de telas na presença dos filhos pode ajudar a estabelecer um comportamento mais equilibrado.
    5.    Evite Telas Antes de Dormir: Para um sono de qualidade, é essencial que os bebês não tenham contato com telas pelo menos uma hora antes de dormir. Em vez disso, rituais como banho morno, canções de ninar e leitura de histórias podem ajudar a relaxar e preparar o bebê para o descanso.

Conclusão: O Papel dos Pais e dos Profissionais de Saúde

Dra. Renata Castro reforça que a orientação sobre o uso de telas deve ser abordada pelos pediatras e profissionais da saúde desde as primeiras consultas de puericultura. “Os pais precisam ser acolhidos e orientados sobre os riscos e as melhores práticas para garantir um desenvolvimento saudável para seus filhos”, afirma a especialista.

Embora a tecnologia faça parte da vida moderna, os primeiros anos de vida das crianças devem ser focados no contato humano, na interação ativa e em experiências que promovam um crescimento saudável. “Criar estratégias para reduzir a dependência das telas pode ser um desafio, mas é um esforço essencial para garantir que os bebês tenham um desenvolvimento pleno e equilibrado”, finaliza Dra. Renata Castro.

Se você tem dúvidas sobre o impacto das telas no desenvolvimento do seu bebê, procure um especialista para orientações personalizadas. O equilíbrio entre o mundo digital e o mundo real é a chave para um crescimento saudável.

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SARAH MONTEIRO DE CARVALHO
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