Espetáculo A Cobradora, da Zózima Trupe traz histórias do ônibus para palcos de São Paulo e do ABC

Circulação com entrada gratuita acontece de 7 de fevereiro a 23 de março, em diferentes espaços de São Caetano do Sul, Mauá e São Paulo; o espetáculo foi construído a partir de história de cobradoras de ônibus

MARINA FRANCO
29/01/2025 15h57 - Atualizado há 4 horas
Espetáculo A Cobradora, da Zózima Trupe traz histórias do ônibus para palcos de São Paulo e do ABC
Foto de Christiane Forcinito
Espetáculo A Cobradora, da Zózima Trupe traz histórias do ônibus para palcos de São Paulo e do ABC
 Circulação com entrada gratuita acontece de 7 de fevereiro a 23 de março, em diferentes espaços de São Caetano do Sul, Mauá e São Paulo; o espetáculo foi construído a partir de história oral; cobradoras de ônibus do Terminal Parque Dom Pedro II  foram entrevistadas e muitas das histórias encenadas são permeadas por violência de gênero, sobrevivência diária, luta por dignidade, mas também vidas que se emaranham no amor, amizade, solidão, revolta, traços comuns a todas as mulheres 
 
“Quando você abre a porta do ônibus é igual uma porta de uma igreja, qualquer um entra: o preto, o branco, o pobre, o rico, o ladrão, o estuprador, ou seja, você vê de tudo um pouco.”  Maria das Dores, cobradora.

Após 18 anos tendo o ônibus e a cidade como mote para suas investidas e pesquisas cênicas, o grupo paulistano Zózima Trupe retoma seu espetáculo “A Cobradora”, para uma circulação com entrada gratuita, de 7 de fevereiro a 23 de março, em São Caetano do Sul, Mauá e São Paulo. A peça traz no palco a atriz Maria Alencar Rosa, sob direção de Anderson Maurício, a partir da dramaturgia de Cláudia Barral. A Zózima Trupe é um coletivo teatral paulistano reconhecido desde 2007 pela pesquisa que faz sobre o ônibus urbano como espaço cênico, um lugar democrático e descentralizado do fazer teatral. Dessa percepção, somada às muitas histórias ouvidas das cobradoras do Terminal Parque Dom Pedro, nasceu o espetáculo, o primeiro da companhia a ser realizado em um palco italiano.

Em cena, a personagem Maria das Dores, que se renomeia Dolores por não gostar de seu nome. E ela segue sendo Dolores, um nome que traz em si a dor das mulheres que ela representa, encerra em si todas as Marias e outras mulheres que circulam por uma cidade árida, composta por empregos destinados a homens e outros a mulheres. Subverter é a ordem do dia.

A dramaturgia de Claudia Barral traz para o palco todas essas “Marias” das histórias reais, trançadas umas às outras, permeadas pela violência, por mortes, pela sobrevivência diária em busca do sustento, da dignidade, vidas que se emaranham no amor, amizade, luta, tristeza, solidão, revolta, presentes em todas as mulheres. Cada narrativa tinha sua particularidade, mas em cada uma delas algo a ligava a outra mulher, com outra história, com semelhanças na dor, ou nos receios, ou nas expectativas. Únicas, mas ligadas por sentimentos comuns.

A pesquisa em A Cobradora vai além da trabalhadora das catracas, explorando a mulher que cobra direitos, percebe injustiças e exige igualdade, evocando a figura de “Lilith”, símbolo da insubmissão feminina e da luta contra opressões históricas. Paralelamente, surge a “Eva”, carregando a culpa atribuída pela destruição do Paraíso. Contudo, no mundo contemporâneo, é a violência masculina, refletida nas crescentes estatísticas de feminicídio, que destroi o paraíso — as casas, famílias e vidas de mulheres e filhos. Se há paraíso, é o homem quem o arrasa repetidamente.

Acessibilidade

As apresentações contarão com ações que contemplem e engajem a participação de pessoas com deficiência. Serão realizadas cinco apresentações com intérpretes de libras e narrações de audiodescrição ao vivo, além de legendas em todo material audiovisual. Também será realizada divulgação em espaços de acolhimento a pessoas com deficiência, como residências inclusivas e institutos assistenciais, além do mapeamento e divulgação de rotas acessíveis para os teatros a partir de pontos estratégicos e outras ações de acessibilidade e inclusão.
Sinopse

O espetáculo traz ao palco histórias narradas de muitas mulheres, representando desde figuras arquetípicas do universo feminino (como Eva ou Lilith), a figuras representativas do cotidiano urbano, construídas através de histórias orais de cobradoras de ônibus. A trabalhadora das catracas, que cobra o seu espaço numa sociedade patriarcal. Essa personagem cobra de si e do mundo os múltiplos desejos-sonhos que lhe foram roubados. Em cena, a mulher cobradora – a trabalhadora, mas também a insubmissa, que cobra seu direito pela dignidade, igualdade e justiça. Quais os espaços que a mulher pode ocupar?
            
Trajetória da Zózima Trupe 
Durante sua trajetória, a Trupe desenvolveu diversos projetos que culminaram na criação e realização dos espetáculos “Cordel do amor sem fim” (2007) – de Cláudia Barral, apresentado mais de 650 vezes em vários estados brasileiros e também encenado no continente europeu, “Valsa Nº 6” (2009) – de Nelson Rodrigues, “O Poeta e o Cavaleiro” (2010) – livre inspiração na obra literária de Pedro Bandeira e contemplado com o Prêmio Myriam Muniz da Fundação Nacional das Artes (FUNARTE), “Dentro é Lugar Longe” (2013) – de Rudinei Borges e “Os Minutos que se vão com o Tempo” (2016), com dramaturgia em processo compartilhado com Cláudia Barral e o primeiro espetáculo encenado em ônibus de linha; “Iracema via Iracema”, em parceria com o Agrupamento Andar7 (2017), “Desterro” (2018) e “A Cobradora” (2019), ambos com dramaturgia de Cláudia Barral. 

A companhia também esteve nos projetos: 1ª Mostra de Teatro no Ônibus (2009) e Plantar no Ferro Frio do Ônibus o Ninho – Residência artística por um teatro do encontro sem fronteiras (2012/2013) – contemplado pela 20ª edição do Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo e “Os Minutos que se vão com o tempo: da imobilidade urbana ao direito à poesia, à cidade e à vida”, contemplado pela 24a Edição da Lei de Fomento. 

A Trupe foi um dos grupos selecionados para representar o Brasil no I Mercado de Indústrias Culturais dos Países do Sul (Micsul), em maio de 2014 e da 15ª Edição – PLATEA Santiago A Mil, em 2015. A Zózima Trupe foi indicada ao Prêmio Shell de Teatro na categoria Inovação pela pesquisa contínua e ampliação do público para o teatro, em 2019.

Trajetória do espetáculo “A Cobradora”
Na construção do espetáculo, A Cobradora mostrou, em 2017, um fragmento na “Mostra de Teatro no Ônibus”, no Terminal Parque Dom Pedro ll e na Casa de Cultura São Mateus. Em 2018, no formato palco, como abertura de processo, esteve no Sesc São Caetano do Sul. Ainda em 2018, dentro do projeto Zózima Visita, foi apresentada na rua, na Praça da Liberdade (pelo Sesc Carmo).
Em 2019, o espetáculo estreou no Sesc Vila Mariana com uma temporada de setembro a outubro, retornando aos palcos em março de 2020 no Sesc Jundiaí, pouco antes do início da pandemia e do fechamento dos espaços culturais em São Paulo. Durante o período de isolamento, migrou para o formato online, participando do Em Casa com Sesc e do projeto Cobradoras e Porteiros, o Contágio Começa na Invisibilidade, pelo Prêmio Zé Renato (maio e junho/2021), além de uma exibição no canal da Biblioteca Mário de Andrade (2021). Em 2022, retomou as apresentações presenciais no Sesc Guarulhos e, em 2023, esteve nos Sescs São Caetano e Itaquera. Em 2024, integrou a programação do Itaú Cultural, com sessões no Sesc Campinas e novamente no Sesc Itaquera.
Serviço
A Cobradora

Duração: 65 minutos | Classificação indicativa: 16 anos
Retirada de ingressos: Telefone e Whatsapp 11- 94872-5023

As sessões de 15, 23 e 27/02, 20 e 23/03, terão interpretação em libras para pessoas com deficiência auditiva,  audiodescrição e visita tátil para pessoas com deficiência visual (antes do início de cada sessão, para imersão do público na ambientação do espetáculo - palco e cenografia).

FEVEREIRO
7/2, sexta, às 20h e 8/2, sábado, às 11h 
Fundação das Artes - R. Visc. de Inhaúma, 730 - Oswaldo Cruz, São Caetano do Sul - SP

14/2 e 15/2 - sexta e sábado, às 20h 
Teatro de Mauá - R. Gabriel Marques, 353 - Vila Noemia, Mauá - SP

21 e 22/2 - sexta e sábado, às 20h, 23/2, domingo às 19h
Teatro Flávio Império - R. Prof. Alves Pedroso, 600 - Cangaíba, São Paulo - SP

26 e 27/2 - quarta e quinta, às 20h 
Teatro Alfredo Mesquita - Av. Santos Dumont, 1770 - Santana, São Paulo - SP

MARÇO
13 e 20/3 - quintas, às 20h30 
SP Escola de Teatro - Praça Franklin Roosevelt, 210 - Bela Vista, São Paulo - SP

22 e 23/3 - sábado, às 20h e domingo, às 19h
Centro Cultural Santo Amaro - Av. João Dias, 822 - Santo Amaro, São Paulo -SP

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