Conciliar a maternidade com uma carreira de sucesso é um desafio recorrente para milhares de mulheres no mercado de trabalho. A pressão para equilibrar a vida profissional e familiar se intensifica, especialmente em um cenário no qual as responsabilidades domésticas e parentais ainda recaem majoritariamente sobre as mulheres.
A trajetória de Karen Miura, 43, é um exemplo de superação e determinação. Ela começou sua carreira profissional como recepcionista, aos 17 anos, em uma empresa multinacional e, hoje, além de ter se tornado uma executiva de sucesso, ocupa um papel transformador na vida de outras mulheres.
Em entrevista a um podcast, Karen conta sobre sua trajetória inspiradora: “No meu primeiro emprego, tive a felicidade de trabalhar em uma empresa que muito me apoiou, pois consegui fazer algumas migrações lá dentro. Lembro que foi um início muito feliz. Me recordo de sentar na cadeira da recepção, me sentindo empoderada e realizada. Eu tinha conseguido meu primeiro emprego, e isso, para mim, foi uma vitória”, relembra Karen.
Após ingressar na faculdade de Direito, Karen começou a buscar estágios na área jurídica e encontrou, no setor de M&A — sigla em inglês para Mergers and Acquisitions, processo societário que envolve a compra ou fusão de empresas — uma oportunidade. Hoje, com 25 anos de atuação, ela se tornou uma das primeiras mulheres a ocupar o cargo de CVO (Chief Visionary Officer) em uma empresa, posição que significa diretora de consultoria ou diretora de visão de negócios.
Em 2023, recebeu o Prêmio Profissional do Ano pela CONFEB - Live University, na categoria de Tributos. Com uma rotina agitada, atualmente cursa MBA em Finanças e Controladoria pela USP, além de Ciências da Computação para Negócios em Harvard. Karen também é líder do Comitê Técnico de Finanças e Controladoria da WLF (Women Leaders in Fintechs).
Mãe de cinco filhos, ela dedica parte de sua rotina para ajudar outras mulheres a conciliarem maternidade e carreira. A comunidade, chamada Maternidade Executiva, tem inspirado e transformado a vida de muitas mulheres ao mostrar que é possível alcançar o equilíbrio entre esses dois mundos.
“Após as quatro gestações, eu tive medo de como iria fazer para voltar ao mercado de trabalho. Essa é uma carga mental e emocional muito forte que faz com que, às vezes, a gente decida, inclusive, não ter filhos, porque não sabe como será recepcionada”, relembra Karen. “Eu não via muito acolhimento, nem rodas de conversa sobre isso. Não tinha nenhum lugar para ler sobre o tema. O que a gente enxergava, na maioria das vezes, eram demissões pós-licença. Nunca via ninguém abrindo o microfone para, de fato, falar sobre o caminho de retorno”, completou.
Karen percebeu que as dificuldades que enfrentou não eram exclusivas. Ao conversar com outras mulheres, identificou um padrão: muitas sentiam que precisavam escolher entre seus filhos e suas aspirações profissionais. Essa percepção foi o impulso que faltava para ela iniciar, em 2024, seu projeto de mentorias, que já impactou diversas mulheres.
Recentemente, ela lançou o livro “Maternidade Executiva - De janeiro a dezembro, porque aqui não tem férias!”. A obra é destinada a mulheres que buscam equilibrar a maternidade com o sucesso na carreira corporativa, apresentando uma abordagem prática e acessível. “Recebi inúmeros feedbacks de gestores e colegas que demonstravam surpresa com a minha capacidade de gestão de tempo, como se o fato de ser mãe diminuísse meu desempenho. Isso me fez perceber a importância de desmistificar a ideia de que não é possível ser uma mãe dedicada e uma executiva de sucesso ao mesmo tempo”, revela Karen.
Mentorias para inspirar e empoderar
A Maternidade Executiva, além de ser uma comunidade onde mulheres compartilham experiências e dores de ser mãe e profissional, também atua como um programa de mentoria para auxiliar essas mulheres a se tornarem executivas. Durante as sessões, Karen aborda desde temas práticos, como organização da rotina e negociação de horários flexíveis com empregadores, até questões mais amplas, como autoconfiança e a quebra de preconceitos de gênero no ambiente corporativo.
Antes de iniciar a Maternidade Executiva, a CVO buscou mentorias para sua carreira e afirma que isso foi essencial para seu retorno ao campo profissional, pois o poder de decisão de ser mãe é de extrema importância para profissionais: “Ter uma mentoria estratégica realmente faz diferença. Ela te coloca em um lugar de conforto e dá o poder de decisão, porque a escolha é sua. Tive essa sorte e consegui um retorno bem-sucedido, pois o mercado já estava me aguardando. Esse planejamento fez toda a diferença”, destaca.
Ela ainda ressalta que as mentorias também foram cruciais para conhecer pessoas: “O networking foi muito importante, e vou dizer que tive sorte por mentores terem me guiado durante todo o caminho. Através dessa experiência como mentorada pude me aprimorar para me tornar uma mentora”, completou.
Karen enfatiza que essa rede é muito mais do que um local para conhecer pessoas: “Uma comunidade vai além de uma simples rede de contatos. É um espaço onde ideias são compartilhadas, aprendizados são multiplicados e conquistas individuais se tornam motivo de celebração coletiva. Dentro dela, cada pessoa traz uma bagagem única, criando um ambiente rico em experiências e soluções que podem mudar vidas”, conclui.
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GIOVANA PIGNATI
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