22/11/2024 às 14h31min - Atualizada em 23/11/2024 às 08h01min

Anvisa recua na proibição do chip da beleza, mas mantém restrição ao uso dos implantes hormonais

Para especialista, medida que entrou ontem em vigor traz desafios de controle para Anvisa

FERREIRA ANTUNES
Divulgação
Nesta quinta, 21, o Diário Oficial da União (DOU) oficializou as restrições estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para os implantes hormonais manipulados, conhecidos como “chips da beleza”. A medida revogou decisão anterior da Agencia que proibia totalmente o uso de implantes hormonais manipulados no Brasil.  Contudo, diferentemente do que pode parecer a primeira vista, a proibição foi mantida, de maneira parcial. O alerta é de Cláudia de Lucca Mano, advogada e consultora empresarial atuando desde 1999 na área de vigilância sanitária e assuntos regulatórios, fundadora da banca DLM e responsável pelo jurídico da associação Farmacann.

De acordo com o DOU, Resolução Nº 4.353, de 21 de novembro de 2024, fica proibida a manipulação, comercialização e uso de implantes hormonais à base de esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos, com a finalidade estética, ganho de massa muscular e melhora do desempenho esportivo. Também fica proibida a propaganda ao público em geral de implantes hormonais manipulados. As ações de fiscalização determinadas se aplicam a todos os implantes hormonais manipulados, bem como a quaisquer pessoas físicas/jurídicas ou veículos de comunicação que comercializem ou divulguem os produtos.

“Com o texto da Resolução, entende-se que a proibição dos implantes hormonais ou chips da beleza é válida somente para fins estéticos e de melhora de performance esportiva. Já para outras finalidades, como médica, por exemplo, no controle da menopausa ou da endometriose, ou ainda como método contraceptivo, não há mais a restrição mencionada. Ou seja, na verdade, a Anvisa reformulou a proibição, deixando claro que não há uma liberação geral para seu uso”, afirma Cláudia.

Para a especialista, a nova resolução por um lado, pode amenizar as reclamações e denúncias feitas pelo setor médico pelo uso desenfreado desse tipo de implante, mas, por outro lado, tornará desafiador o controle nessa fiscalização por parte da agência reguladora, “à medida que ainda haverá espaço para que as pessoas consigam a prescrição do chip tendo como argumento questões de saúde, aí liberadas da restrição”.  

“Novamente, é fundamental que a Anvisa promova uma abordagem regulatória mais transparente e imparcial, que valorize o potencial técnico dos setores envolvidos, especialmente o de farmácias de manipulação, nessa regulamentação. Isso poderia contribuir fortemente para a saúde pública, promovendo alternativas seguras e acessíveis à população”, conclui a advogada.

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CAIO FERREIRA PRATES
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