A educação financeira é um tema que, embora vital para uma sociedade economicamente estável, ainda enfrenta barreiras culturais e comportamentais no Brasil. Em um cenário onde o apelo de ganhos fáceis se torna cada vez mais forte, os jogos de aposta online, popularmente conhecidos como “bets”, estão atraindo um número crescente de brasileiros. Segundo dados da Anbima, em 2023, 14% da população do país realizou alguma aposta online, um índice preocupante, principalmente quando comparado aos investimentos em previdência privada (2%), títulos públicos (2%), títulos privados (5%) e na bolsa de valores (2%). Esses números revelam uma preferência pelo retorno imediato em detrimento de estratégias de construção de patrimônio de longo prazo.
Tal fascínio pelos ganhos rápidos oferecidos pelos jogos de aposta está diretamente ligado ao desejo de encontrar soluções apressadas para problemas financeiros. No entanto, esse comportamento impulsivo pode gerar impactos severos nas finanças pessoais e na estabilidade familiar. Na prática, o problema não está apenas no dinheiro que pode ser perdido, mas também no que isso representa em termos de planejamento financeiro. Assim, fica evidente que a falta de educação financeira é um dos principais fatores que levam os indivíduos a tomarem decisões que comprometem o futuro, tanto em nível pessoal quanto familiar, já que, sem uma base mínima de conhecimento, muitos acabam presos em um ciclo vicioso de dívidas e frustrações.
Por outro lado, investir em conhecimento sobre finanças, aprender sobre diversificação de investimentos e reconhecer a importância de construir um patrimônio ao longo do tempo são práticas que oferecem muito mais segurança e resultados concretos. Nesse sentido, alternativas de investimento como a previdência privada, os títulos públicos, renda fixa e até mesmo a bolsa de valores são opções que respaldam adequadamente a construção de riqueza, respeitando o perfil de cada classe de ativo e o horizonte de prazo, bem como entendimento do perfil do investidor (Conservador, Moderado ou Arrojado). Esses instrumentos financeiros são projetados para ajudar o investidor a crescer de maneira segura, minimizando riscos e maximizando retornos ao longo do tempo. Além disso, investir de forma consciente é uma maneira de garantir que o dinheiro trabalhe a seu favor, e não o contrário.
Portanto, é indiscutível que para construir um futuro financeiro seguro é preciso aprender conceitos como controle de gastos, criação de uma reserva de emergência e hábito de poupar regularmente. Quando as pessoas aprendem a gerir seus recursos de forma inteligente, elas se tornam mais resilientes diante de crises econômicas e menos suscetíveis ao apelo de soluções rápidas, como os jogos de aposta. Dessa forma, é essencial que haja um esforço coletivo para promover a educação financeira no Brasil, começando desde as escolas até os programas de orientação para adultos. Quanto mais cedo as pessoas tiverem acesso a esses conhecimentos, menor será a chance de caírem nas armadilhas financeiras e maior será a possibilidade de construírem um futuro estável e seguro.
Por Charles Campanha, graduado em Ciências Contábeis, pós-graduado em Gestão Estratégica em Finanças Empresariais e diretor operacional do Sicoob UniCentro Br
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CAROLINA OLIVEIRA DE ASSIS
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