21/11/2024 às 15h51min - Atualizada em 22/11/2024 às 08h01min

Escala 6x1: vida além do trabalho

A escala 6x1 é um dos principais fatores do desgaste físico e mental

BWMA COMUNICAçãO
Divulgação/Whizz/Secor
Escala 6x1: vida além do trabalho
Luciano Pereira Leite — presidente do Secor


Você já trabalhou em escala de 6x1? Sei bem como é isso. Disseram que eu não aguentaria um ano, mas foram sete longos e exaustivos anos da minha vida, divididos entre Osasco e o ABC, com boa parte do meu dia perdida em transporte público. A jornada 6x1 não é apenas um número: é uma das maiores causas da “exaustão física” que atinge milhares de trabalhadores.

A realidade do Brasil é que a jornada de trabalho frequentemente ultrapassa limites saudáveis. A escala 6x1 é um dos principais fatores do desgaste físico e mental, afetando diretamente a saúde, o bem-estar e as relações familiares dos trabalhadores, especialmente dos comerciários, que vivem sobrecarregados por condições muitas vezes precárias.

Embora a CLT estabeleça o limite de 44 horas semanais e um dia de descanso a cada sete, a escala 6x1 ainda é amplamente adotada, o que impacta profundamente a vida de quem precisa dela para sobreviver. A deputada Erika Hilton recentemente propôs uma audiência pública, já solicitada em maio, para debater a redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6x1, por meio de uma proposta de emenda constitucional (PEC). A PEC é encabeçada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), criado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL/RJ), que compartilhou sua própria experiência nas redes sociais como um trabalhador exausto pela escala 6x1.

Com mais de 1,3 milhão de assinaturas, o abaixo-assinado do VAT, chamado “Por um Brasil que Vai Além do Trabalho,” luta para que os trabalhadores tenham direito ao tempo pessoal e familiar. Essa iniciativa reforça a necessidade urgente de uma reforma que humanize as condições de trabalho, permitindo momentos de descanso e convivência social, elementos que constituem uma vida digna e equilibrada. A escala 6x1, especialmente comum no comércio, foi impulsionada pela Reforma Trabalhista de 2017 e, desde então, muitos trabalhadores expressam seu descontentamento com essa sobrecarga.

Infelizmente, enquanto movimentos como o VAT e parlamentares engajados pressionam por uma mudança, há resistência. Deputados do Partido Liberal (PL), aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, se opuseram em bloco à proposta que tenta acabar com a escala 6x1. A PEC precisa de 171 assinaturas para avançar na Câmara, mas os obstáculos políticos demonstram como as forças contrárias ao bem-estar do trabalhador continuam influentes.

A verdade é clara: milhões de trabalhadores — especialmente jovens — são submetidos a essa rotina pesada de 6x1, ultrapassando 50 horas semanais sem uma compensação adequada. Horas extras, que deveriam ser opcionais e remuneradas, têm sido incorporadas como parte da jornada, transformando o que antes era excepcional em regra.

A luta pelo fim da escala 6x1 é, antes de tudo, uma luta pela dignidade e pela possibilidade de uma vida plena. Que a força dos trabalhadores e o apoio de movimentos como o VAT inspirem cada um de nós a defender melhores condições de trabalho e de vida. Este é um chamado para que juntos possamos construir um futuro onde a vida vá além do trabalho — um futuro onde o tempo seja não apenas para o trabalho, mas também para o descanso, o lazer e o convívio com a família.

Luciano Pereira Leite é presidente do Secor (Sindicato dos Empregados no Comércio de Osasco e Região)


Informações para a imprensa
Wendell Cristiano
WHIZZ

11 98317-7212
 

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Gustavo Lucio Vilela
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