Embora 18 milhões de brasileiros convivam com alguma deficiência e existam normas técnicas que definam ferramentas de acessibilidade na arquitetura, como a implementação de pisos táteis, a maioria das capitais brasileiras não conta com calçadas acessíveis, segundo estudo de 2019 da Mobilize Brasil.
O problema se expande para os espaços privados. O último Censo Escolar, de 2022, revelou que 27% das escolas não possuem adaptações nos prédios para atender alunos com deficiência. Na construção de casas populares a discrepância é ainda maior, pois só 4% dos projetos possuem recursos acessíveis.
Além da usabilidade do espaço, a arquitetura acessível deve explorar recursos sensoriais para ampliar a qualidade de vida dos moradores. Para ampliar essas discussões, o arquiteto Glauter Suassuna projetou o loft Olhar de Isadora, exibido na CASACor Brasília 2024.
“O uso de texturas, boa iluminação e bom contraste, além de móveis acolchoados, sem quinas e com pés recuados são ferramentas importantes para projetos acessíveis”, afirma o arquiteto.
Inspirado na jovem Isadora, 19, que perdeu a visão aos oito anos, o apartamento incorpora diferentes texturas como fibras naturais, cerâmicas e metais, além de obras de arte em relevo.
O arquiteto conta que Isadora participou ativamente do processo de escolha. “Fomos juntos à Tidelli escolher as cordas e tecidos para personalização do mobiliário”, diz.
O uso de cores contrastantes também foi incorporado. Suassuna escolheu o balanço Drop, do catálogo Da Terra ao Design da Tidelli Outdoor Living como peça destaque do projeto.
“Mesmo as cores, que para Isadora têm um significado mais simbólico, foram pensadas para que o ambiente expressasse sua identidade, como o balanço vermelho, que remete ao sonho de infância de ter um quarto dessa cor”, lembra Suassuna.
Para Roberta Mandelli, diretora da Tidelli Brasília, o projeto representa um valor importante para a marca de mobiliário. “Dizemos que a Tidelli transforma a arte de fazer com as mãos em uma poderosa ferramenta de inclusão social e o loft mostra como o design pode ser um meio para isso”, comenta.
Enxergar de outra forma
Para desenvolver um projeto tão único, Suassuna se dedicou a uma experiência imersiva para buscar entender os desafios que pessoas cegas enfrentam no dia a dia.
“Eu andava vendado pela cidade com a minha bengala. Eu cozinhava vendado. Eu limpava minha casa, fazia tudo vendado,” revelou o arquiteto.
O resultado é tema do episódio Design com Propósito do programa Outdoor Experience, disponível no YouTube.
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ERIONICE CASTRO DE ALMEIDA
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