12/11/2024 às 17h53min - Atualizada em 16/11/2024 às 00h03min

Depois dos incêndios, é momento de vistoriar as cercas e prevenir o fogo no futuro

VIVIANE PASSERINI
Crédito: Divulgação

Por Vanessa Amorim, médica-veterinária, mestre e doutora em zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e analista de mercado agro da Belgo Arames

Os prejuízos foram imensos. Os incêndios destruíram aproximadamente 2,8 milhões de hectares de propriedades rurais no Brasil em 2024. Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estimam perdas superiores a R$ 14 bilhões ao agronegócio.

O fogo é cruel por vários motivos. Ele compromete a produção e a produtividade, limita o acesso dos animais à comida e à água e reduz o ganho de peso, além disso prejudica a fertilidade do solo e danifica a infraestrutura das propriedades rurais – inclusive as cercas.

Quando atingidas pelo fogo, as cercas ficam severamente danificadas ou até inutilizadas, especialmente as que utilizam mourões de madeira. A alta temperatura também afeta os arames, reduzindo sua resistência e durabilidade. Mesmo que não queimem completamente, eles perdem as propriedades químicas e precisam ser substituídos.

Seja qual for a intensidade do dano, o foco coloca em risco a viabilidade econômica da fazenda. No caso das cercas, os problemas comprometem desde a separação do gado em piquetes à própria segurança dos animais, que podem escapar e até correr para áreas com focos de incêndio. Na recente onda de fogo, foram contabilizadas milhares de mortes de animais, incluindo gado e espécies silvestres e exóticas.

Passado o pior momento, a chuva está chegando e é hora dos produtores fazerem uma revisão geral dos prejuízos e tomar medidas para recuperar as estruturas, se precavendo contra novas adversidades no futuro.

Entre as ações necessárias, a primeira recomendação é ter aceiros sempre limpos para evitar a propagação do fogo, principalmente próximo às estradas, rodovias e áreas florestais. É essencial evitar mato muito alto próximo das cercas e verificar regularmente a estabilidade dos mourões, arames e acessórios. Se algum trecho da cerca estiver danificado ou no chão, o fogo passa com facilidade para outras áreas com mais facilidade.

O ideal é também fazer uma análise detalhada de toda a extensão da cerca. Nos trechos afetados, vale recuperar (o que nem sempre é a melhor opção devido ao comprometimento com a qualidade do material utilizado, especialmente mourões e arame) ou substituir a cerca para manter a qualidade do cercamento. Esta quase sempre é a melhor opção, inclusive financeira.

Além disso, é importante investir sempre em arames de qualidade, especialmente os que têm camada pesada de zinco, sendo os mais indicados para cercas de divisa de propriedades. Eles também são os mais resistentes para proteger as fazendas contra invasores, sejam eles humanos ou animais (como javaporcos).

A adoção dessas medidas preventivas e a escolha de cercamento de qualidade contribuem para diminuir os prejuízos das propriedades em casos de incêndios. Isso não apenas mantem a produtividade, mas contribui para garantir a sustentabilidade e a resiliência do agronegócio brasileiro, mesmo nos momentos mais desafiadores.


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VIVIANE RIGHETTI PASSERINI
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