14/11/2024 às 16h40min - Atualizada em 15/11/2024 às 00h05min
Artigo - Cinco erros na hora de escolher um sócio
ALINE TELLES
Beatriz Betiol Ramos é advogada no Granito Boneli Advogados.
Beatriz Betiol Ramos _Granito Boneli Advogados. O momento de escolha de um sócio para a constituição da empresa é uma das decisões mais relevantes que se deve levar em consideração, visto que impreterivelmente essa escolha irá nortear os caminhos que a empresa irá traçar dali em diante.
É necessário abordar que a constituição de uma sociedade pode ser comparada, à formação de um casamento. Dentro dessa lógica, assim como no matrimônio é imprescindível que as partes envolvidas conheçam de maneira recíproca suas intenções, valores e expectativas antes de formalizarem a união, visto que a tomada de decisões precipitadas pode comprometer de maneira significativa a estabilidade societária. Portanto, é necessário, assim como nas relações afetivas, que exista a fase de "namoro", ou seja, um período de conhecimento, amadurecimento e alinhamento de expectativas antes da formalização da sociedade.
Nessa perspectiva, como encontrar um sócio pode ser uma tarefa desafiadora onde os erros nessa escolha podem levar prejuízos consideráveis para uma empresa, à quebra de relacionamentos e até a disputas judiciais. Neste artigo, vamos apontar cinco erros que podem ocorrer na hora de escolher um sócio, bem como seus impactos. Sendo eles:
1. Falta de reciprocidade de valores e expectativa do negócio:
Um dos erros mais comuns na escolha de um sócio é não se certificar se há alinhamento de valores e visão a longo prazo. Empresários, por vezes, escolhem sócios com competências que se complementam, mas deixam de levar em consideração se possuem a mesma ética profissional, metas e valores em comum. Dessa forma, um sócio que se preocupa com o crescimento rápido pode entrar em conflito com outro que valoriza o crescimento gradativo e a adaptabilidade da empresa. Assim, a ausência de compatibilidade de valores para conduzir a empresa pode gerar divergências estruturais e afetar a tomada de decisões, levando à estagnação do negócio.
2. Realizar a escolha unicamente baseada na amizade e em laços familiares:
Apesar de parecer conveniente iniciar um negócio com um amigo ou familiar, essa escolha pode se tornar problemática. Isso porque, laços emocionais costumam influenciar decisões racionais e ponderadas podendo criar uma dinâmica prejudicial para a empresa, fazendo com que discussões que deveriam se manter no nível profissional e o comprometimento ético, se tornem pessoais, afetando a confiança e a credibilidade da empresa. Além disso, muitas vezes existe uma resistência em questionar as decisões ou ações de amigos, ou familiares, evitando discussões essenciais para o progresso adequado da empresa.
3. Não realizar a avaliação de competência do sócio
A escolha de um sócio precisa levar em consideração o conhecimento técnico, a expertise bem como outros ativos que irão agregar valor na empresa, sem isso, os momentos de decisões que devem ser pautadas em visão de mercado ou habilidades específicas pode se tornar um fardo, especialmente em setores competitivos. É essencial que a divisão das responsabilidades seja definida de forma clara e fundamentada de acordo com as competências efetivas década sócio, caso contrário, poderá comprometer a estrutura da operação e impactar negativamente o desempenho da empresa.
4. Não formalizar o acordo societário
Um ponto bastante controverso e arriscado é a constituição de uma sociedade sem um acordo formal devidamente estruturado. Muitos empresários, motivados pela empolgação de um novo projeto, ou pela expectativa de confiança no outro sócio, acabam por negligenciar a importância de um contrato social robusto, que estabeleça de forma clara as responsabilidades de cada sócio, a distribuição de lucros, os direitos de decisão, as cláusulas de saída, entre outros aspectos fundamentais e até mesmo quando necessário um acordo de sócios particular que verse sobre os aspectos mais sensíveis da operação. A ausência desses documentos pode resultar em desentendimentos e disputas jurídicas, especialmente em situações de crise ou dissolução da sociedade. Por essas razões, mesmo em relações de amizade ou familiares, a formalização da sociedade é imprescindível para resguardar tanto a empresa quanto os sócios envolvidos.
5. Desconsiderar a compatibilidade pessoal
Embora seja impreterível levar em consideração as habilidades técnicas no momento de se escolher um sócio, é necessário verificar se existe compatibilidade e espaço para um diálogo construtivo. Isso porque, sócios que não conseguem trabalhar juntos no dia a dia, seja por diferenças de temperamento ou estilo de trabalho, podem ser protagonistas de conflitos constantes gerando falta de comunicação e desgastes emocionais de maneira a impactar diretamente a equipe e o ambiente, impactando na produtividade da empresa.
Conforme abordado, escolher um sócio é uma decisão que vai além das preferências pessoais estruturadas por laços afetivos. Decisões precipitadas podem gerar erros que comprometem o crescimento e a estabilidade da empresa, além de gerar impactos econômicos negativos e até mesmo dissoluções societárias. Dessa forma, o bom andamento de uma parceria societária está intrinsicamente ligado ao alinhamento claro de valores e expectativas, habilidades técnicas complementares, e dos acordos formalmente estabelecidos. Ao se prevenir dos erros apontados, o empresário pode construir parcerias mais sólidas e promissoras, garantindo a saúde econômica e o sucesso da empresa.
Por essas razões, a presença de um advogado especializado em direito societário desde o início é essencial tanto para a correta formalização dos documentos da sociedade quanto para a análise da viabilidade dos sócios, com o intuito de conduzir a diligência necessária para identificar possíveis processos ou histórico de inadimplência dos potenciais sócios, assegurando a segurança e regularidade da sociedade.
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ALINE REGINA TELLES DE ALMEIDA
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