04/11/2024 às 12h55min - Atualizada em 05/11/2024 às 00h01min

Diagnóstico molecular reduzirá os 3 milhões de infecções sexualmente transmissíveis anuais do Brasil

Testes podem identificar até 14 tipos de HPV (papilomavirus humano), clamídia, gonorreia, Trichomonas vaginalis, Ureaplasma parvum e outros patógenos

JOSé LUCHETTI
Divulgação Seegene
O diagnóstico molecular por PCR em tempo real é o caminho para que o Brasil consiga reduzir o alto índice de infecções sexualmente transmissíveis, um dos principais problemas de saúde pública do País. A afirmação foi feita pelo professor José Eleutério, da Universidade Federal do Ceará, durante o recente Congresso Brasileiro de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia, em Recife/PE.
Para o ginecologista, que dirigiu um simpósio durante o evento, o diagnóstico tradicional por exames que só apresentam um resultado após vários dias e podem exigir até demorada cultura específica, muitas vezes se tornam inúteis. “O paciente, em muitos casos, não tem condições de voltar ao consultório para uma segunda consulta, quando só então saberia o resultado”, completa o especialista. Daí a imensa vantagem das plataformas multiplex que, com uma amostra e com grande rapidez identificam até 14 tipos de HPV (papilomavirus humano), clamídia, gonorreia, Trichomonas vaginalis, Ureaplasma parvum e outros patógenos. “O rápido diagnóstico permite que o paciente receba o tratamento adequado após uma única consulta”, diz o médico, e uma vez tratado, deixa de contagiar outros parceiros.
O diagnóstico precoce das doenças sexualmente transmissíveis é importante quando se sabe que, segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, cerca de 920 mil pessoas contaminadas pelo HIV vivem hoje no Brasil. Já quanto ao HPV, 56% da população sexualmente ativa está infectada por algum tipo desse vírus, ao passo que a cada ano são notificados mais de um milhão de casos de gonorreia (com a agravante de que cresce o total de casos de resistência ao antiviral) e mais de 150 mil novos casos de sífilis adquirida ou congênita, sendo sabido que em bebês a doença é geralmente mais grave.
Ainda segundo José Eleutério, que integra a Academia Internacional de Citologia, além da maior sensibilidade, a nova tecnologia pode transformar a detecção e o manejo das infecções sexualmente transmissíveis. “Com a incorporação das plataformas multiplex por mais laboratórios fica mais claro para as autoridades sanitárias a identificação das áreas onde cada tipo de doença sexualmente transmissível está mais presente”, explica o especialista. Esse tipo de informação pode ser usado tanto para campanhas localizadas para o aumento da imunização da população suscetível – caso da vacina contra HPV -, como também para orientar campanhas de prevenção nas áreas onde se concentram os focos das infecções sexualmente transmissíveis.

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JOSE ROBERTO LUCHETTI
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