O Dia Nacional do Design, comemorado todos os anos em 5 de novembro, é uma referência ao aniversário de nascimento de um dos pioneiros do design moderno no Brasil, Aloísio Magalhães (1927—1982). A homenagem é mais do que justa, se considerarmos a relevância do trabalho e o legado deixado pelo designer pernambucano. Magalhães foi autor de algumas das marcas brasileiras mais icônicas de todos os tempos, como Petrobrás, Banco Central, Itaipu Binacional, Bienal de São Paulo, Light, entre tantas outras.
Embora, ainda hoje, o trabalho de Aloísio Magalhães inspire designers por todo o Brasil, os desafios atuais da profissão são bem diferentes daqueles encontrados nas décadas de 1960 e 1970, quando Magalhães produziu seus trabalhos mais importantes. Mas, afinal de contas, quais são os desafios do designer gráfico atualmente? Esta é uma pergunta com múltiplas respostas. Vejamos a seguir quatro pontos que merecem a nossa atenção:
Inteligência Artificial e novas ferramentas tecnológicas: a atualização tecnológica não é exatamente novidade para o designer gráfico. Desde a introdução dos computadores pessoais nas agências e escritórios nos anos 1980 e 1990; a ascensão da internet nos anos 2000; o domínio dos softwares da Adobe nos anos 2010; até chegarmos às ferramentas de geração de textos e imagens via inteligência artificial nos anos 2020. Se lutar contra o avanço da tecnologia parece inócuo, é mandatório a atualização constante frente às ferramentas que estão mudando radicalmente a forma como o design é feito.
Transformações sociais, ecológicas e econômicas: o Relatório de Tendências 2024 do iF Design lança um olhar sobre o nosso mundo globalizado e hiper-conectado, que está nos levando a uma era de transformações profundas, crises e inovações como nunca antes visto. Isso inclui mudanças no mercado de trabalho com a introdução da inteligência artificial e da automação, bem como a avassaladora precarização do trabalho criativo, conforme descrito brilhantemente no livro “Emprecariado — Todo mundo é empreendedor. Ninguém está a salvo”, de Silvio Lorusso. Soma-se a isso os desafios impostos pelas mudanças climáticas; e os novos paradigmas econômicos globais, com a crescente importância de atores como China, Índia e Brasil. Todos esses fatores devem impactar de forma dramática a produção de design no mundo.
Diversidade cultural, inclusão e acessibilidade: o mesmo Relatório de Tendências 2024 do iF Design aponta o caminho: “da polarização à construção de novas pontes. Em uma sociedade cada vez mais fragmentada e polarizada, o desafio central para o futuro é fortalecer a união. O princípio do ‘co-’ está se tornando uma estratégia para o futuro, abrindo caminho para uma cultura progressiva do ‘nós.’” Considerar aspectos sociais, de inclusão de minorias, diversidade cultural e acessibilidade é simplesmente obrigatório para o designer atual e futuro.
Originalidade e inovação: com a crescente concorrência e a abundância de referências visuais disponíveis em um instante na palma da mão, um dos grandes desafios atuais dos designers gráficos é manter a originalidade e proporcionar soluções realmente inovadoras. Além disso, o designer também deve conciliar a criatividade com todas as questões levantadas nos tópicos anteriores. Não é tarefa fácil e certamente representa um grande desafio para todos nós.
Se você quiser se aprofundar ainda mais nessa discussão, no dia 31 de outubro, às 15 horas, os professores Fabiano de Miranda e Eliza Sawada Timm vão debater os desafios profissionais do Design Gráfico com os convidados Marcos Minini e Naotake Fukushima no videocast Conceitualize Uninter.
*Fabiano de Miranda é graduado em Design Gráfico e mestre em Design pela Universidade Federal do Paraná. É professor e coordenador de curso no Centro Universitário Internacional – Uninter.
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VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
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