Vitória (ES), outubro de 2024 - O projeto “A Força do Palito de Fósforo” realizou três apresentações do espetáculo educativo “Palito de Fósforo” do Coletivo Osviajero, em Vitória, no Espírito Santo. As apresentações aconteceram, respectivamente, nos dias 30 de setembro e 1º de outubro, nas escolas CMEI Maria Nazareth (no bairro de Santa Martha) e na CMEI Álvaro Fernandes, em Bela Vista. Ao todo, 450 estudantes participaram das atividades.
Com duração de 60 minutos, indicação livre e voltadas ao público infantil, na faixa etária de três a seis anos, as apresentações contaram com tradução em Libras, garantindo a acessibilidade para deficientes auditivos.
Segundo os artistas que atuaram neste projeto do coletivo, Thiago Forecchi e Izaque Coimbra (brincante, DJ e compositor capixaba), a proposta visou contemplar as duas escolas nos seus respectivos turnos, alcançando aproximadamente 150 crianças e educadores por apresentação. Um dos focos deste trabalho foi priorizar a diversidade humana e a necessidade democrática de envolver os estudantes.
Outro ponto positivo do projeto é a economia criativa que gerou durante sua realização, reunindo atuação de profissionais como produtor, músico, bonequeiro, circense, designer, intérprete de libras, fotógrafo, social media, técnico de som, aluguel de equipamentos de som, transporte para as apresentações e gestor administrativo, entre outros profissionais de apoio.
O projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo através da Prefeitura de Vitória (ES).
Arte inspirada pelas estradas O Coletivo OsViajero foi formado em 2017 pelos dois irmãos gêmeos aracruzenses, André e Thiago Forecchi (que adotou o nome artístico “Davi O Desconhecido”). Os dois tinham um objetivo em comum: estudar e se aprofundar nas facetas da diversidade cultural brasileira, ao mesmo tempo em que fariam da arte o sustento e base para interação com comunidades através de projetos socioculturais. “Foi exatamente isso que aconteceu nos últimos seis anos, a bordo do Centro de Cultura Itinerante Djanira do coletivo OsViajero”, conta Thiago.
Com uma kombi 2003 equipada como casa, a dupla atravessou mais de 50 mil quilômetros. Juntos, pesquisaram e conheceram de perto a cultura de mais de 20 estados brasileiros e de outros países como o Peru, Equador, Colômbia e Venezuela.
Por onde passaram, foram contagiados pelas culturas locais e também compartilharam a bagagem adquirida nas mais de 2 mil apresentações de arte de rua e mais de 200 exibições de projetos socioculturais, o “Palito de Fósforo” e o “Cinema Bandolero”, exibidos em sua grande maioria, em comunidades socialmente vulneráveis.
Até hoje, o projeto já impactou presencialmente mais de 3 mil pessoas destas localidades. Cada iniciativa é compartilhada através das redes sociais do coletivo (@osviajero, 18k seguidores). Essa trajetória rendeu ao coletivo, em 2021, o primeiro prêmio: o Pontinhos de Cultura pela Secult/ES.
“Com o tempo, nosso espetáculo amadureceu por meio de intercâmbio cultural de diferentes culturas brasileiras e latinas, incorporando músicas, brincadeiras e abordagens dos locais em que o coletivo OsViajero circulava. A experiência itinerante foi também um momento de aprofundamento nos estudos técnicos e artísticos”, conta André, que buscou especialização na arte secular do homem-banda (quando um artista toca múltiplos instrumentos simultaneamente através de recursos mecânicos). Para essa atuação, ele criou um repertório de Música Popular Brasileira baseado nos ritmos samba, choro e baião com interpretação do instrumento saxofone.
Já Thiago se aprofundou na magia do teatro de bonecos, com forte influência do Mamulengo, tombado como patrimônio cultural do Brasil em 2015. Ele conta que foi influenciado pelos Mestres Thiago Francisco e Chico Simões, dos grupos Mamulengo Fuzuê e Mamulengo Presepada, respectivamente, no Distrito Federal. “Com essa experiência, criei um conceito inédito: o Homem-Palco. Sou o bonequeiro e um palco andante ao mesmo tempo”, explica.
Por via do destino e da dedicação dos gêmeos, o espetáculo “Palito de Fósforo” tornou-se um apanhado cultural brasileiro singular com brincadeiras rítmicas, dinâmicas corporais, contação de histórias, música popular brasileira, através de um autêntico homem-banda e teatro de bonecos com a figura do homem-palco. A cada apresentação, o projeto promove interação cênica inédita entre o homem-banda e o homem-palco, e já foi apresentado de forma independente em escolas públicas, orfanatos, Pestalozzi’s, APAE’s, quilombos e territórios indígenas de todo território latino.
“Com toda experiência que adquirimos com a prática em diferentes lugares e contextos, as cenas e brincadeiras são adaptáveis para diferentes faixas etárias de infâncias, a depender do público presente, porém mantendo sempre o caráter empoderador, nutritivo e positivo para o mesmo”, finaliza Thiago.