03/10/2024 às 13h21min - Atualizada em 05/10/2024 às 12h14min
Blindados, rebaixados e movidos a GNV: os desafios e cuidados com veículos modificados
MARCEL BRUNO SALGUEIRO - GRUPO PRINTER COMUNICAçãO
DRiV Tenneco do Brasil
freepik - Modificações oferecem benefícios em segurança e economia, mas podem causar falhas mecânicas e afetar a dirigibilidade
- Especialista da DRiV descreve as causas e consequências dos danos provocados a amortecedores e suspensão, nesses casos
O crescimento do mercado de carros blindados incrementou a frota de veículos modificados rodando pelo país, incluindo os movidos a GNV e os customizados. Questões como segurança, economia e até prazer pessoal definem a decisão pela posse e uso desses automóveis. No entanto, as vantagens obtidas podem vir acompanhadas de situações envolvendo falhas mecânicas, além de influenciar na condução e na dirigibilidade, aumentando o risco de danos e acidentes. E entre os itens mais afetados, por conta das modificações de peso e altura, estão os amortecedores e o sistema de suspensão. Juliano Caretta, supervisor de treinamento técnico da DRiV Tenneco, detentora das marcas Monroe e Monroe Axios, explica o que acontece com esses componentes e quais as consequências quando esse assunto não é tratado com a devida importância. Blindados O Brasil tem a maior frota de carros blindados do mundo. São quase 340 mil veículos nessa categoria, conforme dados da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin). Em 2023, a entidade registrou mais de 29 mil unidades, cerca de 13% mais do que verificado no ano anterior. Esse mercado, antes restrito a modelos premium, hoje, atende praticamente todos os segmentos, incluindo SUV’s e compactos. Muitas vezes, o consumidor ao adquirir um veículo nessas condições, desconhece as particularidades para mantê-lo e acaba sofrendo com avarias diversas, causadas pelas condições de uso e pela falta de manutenção correta. Um veículo blindado passa por uma modificação estrutural em sua carroceria, com um aumento considerável de peso, podendo chegar até a 250 kg a mais. Segundo Juliano Caretta, mesmo com o uso de materiais mais leves, como o Kevlar, o incremento de peso ainda é alto e afeta diretamente o funcionamento da suspensão. “Devido ao peso extra, todo o conjunto trabalha de forma constante em uma condição muito mais severa, o que influencia no comportamento e na eficiência dos componentes.” Caretta acrescenta que isso ocorre porque as peças que equipam originalmente os carros foram projetadas para atuar num limite de peso específico. Ao ser blindado, ele ultrapassará esse limite, alterando todos os parâmetros definidos no projeto original. “Se um veículo foi homologado para um PBT (Peso Bruto Total) de 3,3 toneladas e ao ser blindado passa para 3,5 toneladas, haverá uma mudança em todas as especificações que foram definidas previamente. No caso da suspensão, significa que ela irá trabalhar com sobrepeso continuamente. E como ela, os freios e os pneus”. Entre as consequências, além do desgaste prematuro das peças, podem ocorrer mudanças na dinâmica do veículo em frenagens, curvas e acelerações, que podem afetar a dirigibilidade, o conforto e a segurança. Isso se agrava, principalmente, em situações adversas, como condução sob chuva. Por isso, é sempre importante, antes de adquirir um veículo blindado, checar as orientações de uso, verificar os itens cobertos em garantia e o plano de revisões periódicas, fornecidos pela empresa responsável. Carros movidos a GNV Assim como no caso dos blindados, veículos movidos a GNV (Gás Natural Veicular) também são mais pesados do que seus similares originais. Mas nesse caso, há também uma mudança na distribuição do peso pela estrutura do carro, já que o kit de instalação e o cilindro de gás ficam instalados na traseira. Com isso, o conjunto traseiro trabalhará diferentemente do restante dos demais componentes, com o desgaste acelerado das peças e o provável comprometimento da dirigibilidade. Por isso, os motoristas devem ter especial atenção durante a condução, especialmente ao passar por buracos, lombadas, quebra-molas e valetas para evitar danos mais sérios. Também é recomendada uma maior atenção às revisões periódicas, com um intervalo menor do que indicado no manual do proprietário. Veículos rebaixados A customização de veículos é uma prática bastante apreciada entre muitos motoristas, que modificam as características originais do carro, de acordo com o seu gosto pessoal. Entre as principais modificações está o rebaixamento da suspensão, que consiste na redução do curso das molas e a troca dos amortecedores originais por não originais e mais curtos. Em outros casos, se utilizam amortecedores pneumáticos, que funcionam por meio de bolsas de ar e que permitem regular a altura do veículo. A resolução nº 292 do Contran estipula que, veículos com PBT (Peso Bruto Total) de até 3,5 toneladas tenham uma altura mínima de 10 centímetros em relação ao solo e que as rodas não encostem em nenhuma parte do carro durante manobras de esterçamento. No entanto, isso não evita a ocorrência de danos mecânicos ou o comprometimento da dirigibilidade. “Um veículo rebaixado não passou por testes de durabilidade e segurança. Tampouco há um padrão para os graus e medidas para a geometria do sistema de suspensão e dos amortecedores, que não foram projetados para esse fim” , ressalta Caretta. O profissional alerta que, diferentemente do que é afirmado, não existem componentes originais para veículos blindados, rebaixados ou à GNV. Todas as peças oferecidas são produzidas por fornecedores independentes e não possuem certificações de órgãos reguladores, como o Inmetro. Nesse sentido, ele alerta aos interessados por modificarem seus veículos que, ao fazê-lo, busquem por empresas com boa reputação, se certifiquem sobre os procedimentos adequados para manutenção e adotem uma postura cautelosa ao dirigir. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
MARCEL BRUNO SALGUEIRO
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