As empresas são partes atuantes da sociedade e suas ações e iniciativas - que integram o 'S' da prática ESG (Environmental, Social and Governance, na sigla em inglês) - podem influenciar diretamente a comunidade local.
Para viabilizar iniciativas de impacto social (ambientais, culturais e científicas de interesse público), geralmente as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) precisam captar recursos e é aí que as empresas ganham papel fundamental para fazer com que essas ações cheguem até a sociedade.
O Investimento Social Privado (ISP) é um repasse financeiro estratégico de uma organização privada (empresas, fundações e institutos) para projetos nas mais diversas vertentes que visem a transformação de comunidades locais nas quais atuam. Esse investimento não apenas leva impacto positivo para a sociedade, como também permite retorno para empresas através do desenvolvimento e transformação da região.
O investimento pode ser aplicado diretamente em projetos para a população local, por meio de voluntariado ou programa de engajamento sistemático e até mesmo diretamente para as Organizações Sociais daquele entorno, gerando transformação na região.
Mudanças positivas
Segundo pesquisa realizada pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), em 2022, mais de R$4 bilhões em recursos privados foram destinados a fins públicos. Além disso, a pesquisa mostrou que o Investimento Social Privado (ISP) cresceu 33,33% no Brasil de 2019 até 2022.
Para Andrea Moreira, CEO da Yabá Consultoria, especializada em estratégia e implementação de projetos para engajamento de diferentes públicos, as mudanças das ações de Investimento Social, alinhadas às estratégias de ESG são enormes, durante e depois da pandemia e, quando as empresas retornaram para o formato de trabalho presencial, intensificou a pauta social tanto dentro como fora das corporações.
“Existem muitas empresas realizando projetos interessantes que começam como protótipos e experiências pequenas e que têm potencial para serem escaladas, além disso, há projetos que podem até ser transformados em política pública nas regiões, principalmente em municípios menores”, explica Andrea.
Segundo a especialista, nesses últimos 20 anos, as empresas de grande porte amadureceram suas estratégias de ISP e os projetos se fortaleceram. "Hoje, muito diferente de antigamente, as empresas viabilizam projetos sociais que fazem sentido e que se alinham com a estratégia de negócio e o propósito da empresa, inspirando e engajando os colaboradores", explica.
“Além disso, a transformação e o impacto social acontece quando as ações estão conectadas com a política pública, trazendo iniciativas e projetos que impactam a sociedade de forma abrangente”, comenta.
Na prática, por onde começar?
Para Andrea, os projetos de ISP têm início no diagnóstico, mapeando as necessidades da comunidade e das organizações sociais com potencial de parceria. “A transformação começa a partir do momento que se entende e conhece a própria realidade e a do entorno”, destaca.
Andrea explica que os executivos envolvidos no processo precisam valorizar o diálogo para desenvolver em conjunto a soluções sociais que sejam boas para as empresas mas também para a comunidade. “A escuta ativa é perguntar diretamente e compreender o que a comunidade quer e precisa. O que é prioridade para a comunidade? Como a comunidade enxerga o impacto dessa empresa e sua presença ali? Essas são as primeiras perguntas que é preciso responder para compreender a realidade e visão de mundo que aquelas pessoas que tendem a ser as beneficiadas têm”, pontua.
Além disso, o poder público pode ser um grande parceiro. “Muitas empresas fogem da relação com o poder público, mas é importante se comunicar com a prefeitura e conselhos de direitos daquele entorno. Por exemplo, se você vai fazer um trabalho que envolve crianças e adolescentes, é preciso conversar com o Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente daquele município, já outros projetos podem ser acionados pelo Conselho de Cultura ou Conselho dos Direitos da Pessoa Idosa. É preciso entender o plano de ação e metas daquele município e o que está sendo feito pelas organizações e os movimentos sociais, dialogando com todos para compreender as necessidades e prioridades das pessoas. E o próximo passo é fazer uma conexão com a estratégia da empresa”, complementa.
Para além dessa conexão, a comunicação institucional da empresa baseada na cultura organizacional, também são relevantes para dar um tom na parceria e conexão com a comunidade, contribuindo para a prosperidade da comunidade, visando o aprimoramento social da região ao qual pertencem.
“Ao estabelecer parcerias colaborativas e engajamento ativo com as comunidades locais, as empresas não apenas contribuem para a construção de um ambiente mais inclusivo e sustentável, mas também fortalecem os laços sociais e promovem a prosperidade compartilhada. Essa abordagem holística não apenas enriquece o tecido social, mas também solidifica a posição das empresas como agentes de mudança positiva em suas áreas de atuação”, conclui a especialista.
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FERNANDA CRISTINA RIBEIRO
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