O avanço tecnológico no sistema financeiro cria muitas soluções para tornar as operações mais práticas e acessíveis – como o PIX, que permite transações financeiras muito mais ágeis. Contudo, tais soluções também são oportunidades para que sejam aplicados os mais variados golpes. Segundo o Relatório de Fraude da Scanscope, desenvolvido pela ACI Worldwide em parceria com a GlobalData, as perdas com golpes aplicados via PIX devem ficar acima dos US$ 635,6 milhões até 2027. É possível se blindar para não cair nas armadilhas?
Para isso, é preciso entender que estratégias, em geral, são utilizadas para a aplicação dos golpes. Pela tecnologia do PIX, os oportunistas precisam que suas vítimas passem informações sigilosas, como número e senha da conta, ou ainda façam transferências para contas bancárias específicas. E para convencer as vítimas a isso, podem seguir as mais variadas estratégias, como se passar por um funcionário do banco e pedir as informações sigilosas, forjar a oferta de um produto ou serviço que não será entregue ou realizado, se passar por uma pessoa próxima de confiança para pedir transferências bancárias, dentre outras.
Sabendo disso, as instituições financeiras precisam reforçar a comunicação com seus clientes para indicar medidas de segurança já oferecidas em seus aplicativos. As ocorrências do golpe do PIX errado, por exemplo, poderiam ter sido menos danosas se houvesse uma comunicação mais ampla das soluções internas que as instituições oferecem.
No caso, o golpista faz uma transferência e pede para que a vítima devolva o valor para uma outra chave PIX. Quando o dinheiro é transferido, o golpista usa o Mecanismo Especial de Devolução (MED) para pedir ao banco o dinheiro de volta, recurso utilizado para recuperar valores de contas suspeitas. O que muitas pessoas não sabem, porém, é que diversos apps de bancos e instituições financeiras têm uma funcionalidade para devolução de recebimentos indevidos. Assim, sempre que o usuário receber um PIX de fonte desconhecida, ele deve acionar a opção de devolver o dinheiro pelo próprio app, em vez de transferir o valor via PIX. O desconhecimento sobre essa funcionalidade exige que haja uma comunicação ampla e assertiva é necessária por parte das empresas com os clientes.
Atenção constante
É importante que o maior número de pessoas saiba que os bancos não ligam ou enviam mensagens para os clientes solicitando informações como senha ou número de token. Além disso, cada instituição deve reforçar a segurança interna para identificar movimentações suspeitas e oferecer mecanismos que ajudem o usuário que estiver sendo vítima de uma fraude. Funcionalidades internas dos aplicativos podem minimizar perdas e tornar as transações mais seguras.
E quanto aos usuários finais, é importante que desconfiem de qualquer empresa ou pessoa que solicite informações sobre os seus dados bancários ou que peça transferências sem a garantia de sua idoneidade. Se algum familiar pedir PIX via mensagem nas redes sociais, certifique-se de que é ela mesma quem está fazendo o pedido. Também é importante não instalar qualquer app no celular sem ter certeza de sua procedência, porque esses podem conter malwares que coletam informações do seu aplicativo do banco.
O grau de sofisticação dos golpes tem aumentado, por isso recomenda-se vigilância permanente. Tanto o mercado quanto os usuários precisam estar cientes da suscetibilidade às fraudes e buscar formas de prevenção. É necessário que haja ainda um diálogo entre desenvolvedores de tecnologia, instituições financeiras e clientes, para que as soluções oferecidas para facilitar as movimentações bancárias sejam tão seguras quanto práticas. Se possível, inibindo a ação de golpistas.
*Rodrigo Fernandes é Supervisor de Prevenção à Fraudes da DM, grupo de serviços financeiros especializado em gestão de crédito.
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VICTOR HUGO DE BERALDINI FELIX
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