“Caramba, professor! Eu não conheço nem a praia e estou vendo o mar de um avião indo para Paris”. A frase foi dita por um educando da Fundação Gol de Letra ao analista socioeducativo do Programa Jogo Aberto, Eduardo Brunello, enquanto olhava pela janela da aeronave que levava um grupo de jovens para um período de intercâmbio na França. O educador escolheu essa história para ilustrar o impacto dessa ação, que começou em 2002, e em 2024 chegou a 22ª edição.
E o encantamento é apenas o primeiro passo. O verdadeiro legado se consolida com os anos, na transformação das pessoas que se tornam agentes multiplicadores e contribuem com a sociedade por meio do esporte e da educação. Sem dúvida, essa é a vocação da Fundação Gol de Letra, que completa 25 anos em 2024.
“A ideia de viajar ao exterior é o primeiro encanto, sempre é vista como um presente ou uma conquista muito importante para o jovem. O contato com outra cultura, com outros espaços naturais, esportivos e de artes são o segundo impacto, é uma diferença brutal sair de favelas brasileiras e ter toda uma estrutura ao dispor, conhecer lugares icônicos, dá uma sensação de poder e pertencimento. E depois vem o contato com as pessoas”, comenta Felipe Pítaro, Gerente da Unidade do Rio de Janeiro, que acrescenta: “Questões de segurança, liderança, expressão, criatividade, por exemplo, são incorporadas nas ações de multiplicação, fora a referência que os jovens se tornam. Ter ido à França os torna pessoas com novos requisitos de admiração no território”.
Maria Eduarda Fortunato foi uma das selecionadas para o intercâmbio neste ano, que coincidiu com o início dos Jogos Olímpicos, na capital francesa. “Esse intercâmbio foi surreal, nunca imaginei que algo assim aconteceria comigo. Foram os 23 dias mais intensos da minha vida. O que vivi na França se tornou um aprendizado não só para mim, mas também para outras pessoas com quem compartilhei e ainda compartilho um pouco sobre minha experiência. Esse intercâmbio marcou profundamente minha vida e fez com que uma chave virasse na minha cabeça. Passei a ter gosto por conhecer novos lugares e culturas diversas. Isso me deu um ânimo que vai me acompanhar pelo resto da vida. Agora, tenho uma visão diferente, é inexplicável”, conta Duda, como é conhecida a monitora esportiva, de 16 anos, da Gol de Letra, em São Paulo.
Duda fez parte de um grupo de sete jovens de São Paulo e do Rio de Janeiro, acompanhados pelo educador Eduardo Brunello que participaram do intercâmbio promovido anualmente pela Gol de Letra em parceria com a ONG Sport Dans La Ville. Durante 23 dias de julho, se uniram a mais de 500 jovens de 36 países no evento Festival 24, cujo objetivo foi proporcionar trocas em torno das chaves para igualdade e excelência incutidas pelos Jogos Olímpicos.
O grupo, inclusive, assistiu à abertura da Olimpíada e teve a oportunidade de acompanhar as ações de Raí, fundador da Gol de Letra. Ele cumpriu uma extensa agenda na capital francesa, incluindo encontro com os chefes de Estado, além de carregar a tocha olímpica.
Vidas transformadas - “Fazer o intercâmbio na França foi a realização de um sonho, que começou quando eu tinha nove anos e entrei na Gol de Letra. Essa experiência trouxe riqueza muito grande, tanto pela estrutura que encontrei na Europa como pela experiência durante as atividades e convivência com os franceses e pessoas de outros países. Eu sou uma prova de como tudo isso transforma a vida de uma pessoa. Fui monitor na Gol de Letra e hoje curso educação física. Tudo isso me moldou para atuar no lado educacional e esportivo”, conta Samuel de Souza, de 18 anos, que também participou do Programa de Jovens, Programa Jogo Aberto e do intercâmbio para a França, em 2022. Depois, se matriculou no Cursinho Comunitário da Fundação Gol de Letra, entrou na faculdade e hoje estagia no Projeto Lazer na Vila, em São Paulo.
Laura Maria, auxiliar de Captação de Recursos na Fundação Gol de Letra, no Rio de Janeiro, foi educanda e participou do intercâmbio há 10 anos. “Se eu pudesse definir a minha viagem em uma palavra, seria transição. Foi um momento bem delicado para mim, de experimentar uma nova cultura, uma nova língua, novas pessoas. E tudo isso vai ficar marcado na minha história. Antes do intercâmbio, eu não tinha uma dimensão do quanto o acesso fora do bairro onde eu morava, da favela onde eu transitava, era maior. Ter essa experiência, ver o quanto o mundo é grande, quantas possibilidades podem existir foi o que me fez entender muita coisa nessa transição”.
Felipe Pítaro, gerente de projetos da Fundação Gol de Letra no Rio de Janeiro, resume o legado junto com a sociedade brasileira em um quarto de século. “Todos os nossos programas são focados em transformação social, cada um no seu tempo é capaz de promover mudanças de vida, conforme mostra a avaliação externa que fizemos para medir o impacto dos 25 anos de trabalho. Em breve ela estará disponível para divulgação”.
Sobre a Fundação Gol de Letra - Criada em 10 de dezembro de 1998, Dia Internacional dos Direitos Humanos, a Fundação Gol de Letra é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que nasceu do sonho dos tetracampeões mundiais de futebol Raí e Leonardo de contribuir com a educação de crianças e jovens de comunidades socialmente vulneráveis. Além de atender, continuamente, mais de 6 mil crianças, adolescentes e jovens nas comunidades da Vila Albertina (SP) e do Caju (RJ), a Gol de Letra também conta com projetos de disseminação nacional da metodologia que parte do esporte educacional e da cultura para contribuir com o desenvolvimento de habilidades para a vida.
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DURVALINO VERGILIO DORO JUNIOR
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