06/09/2024 às 10h54min - Atualizada em 10/09/2024 às 08h06min

Uma narrativa seca, porém banhada pela chuva que transforma vidas

Prestes a ser lançado oficialmente pela editora Urutau, no próximo dia 15 de setembro, durante a Bienal do Livro de São Paulo, “Divino Imperador do Cerrado” conta a história de Francisco e sua família.

TAMYRIS TORRES
Assessoria de imprensa da autora
Arquivo pessoal
 

Um relacionamento familiar marcado pela violência, brutalidade e machismo de Francisco. O peso de um passado que se recusa a ser esquecido, um retrato cru da masculinidade tóxica e um homem que sempre fez o que quis, cultivando nas terras áridas do cerrado a maldade e paixões que machucam vidas durante uma longa estiagem. Este entre outros enfoques, pautados em elementos próprios da cultura popular brasileira, da psicanálise e sociolinguística, fazem parte de “Divino Imperador do Cerrado”, dramaturgia do premiado [Prêmio Funarte de Dramaturgia] Chico Gayoso, que estará presente na 27ª Bienal do Livro de São Paulo, autografando a sua obra no estande da editora Urutau, no dia 15 de setembro, às 14h. 

 

Em "Divino Imperador do Cerrado", Chico Gayoso mergulha no universo de Francisco, um homem cis que tece relações complexas com as mulheres de sua família e outras que cruzam seu caminho,  construindo um retrato cru da sociedade patriarcal.  A trama se desenrola no cerrado, um ambiente árido que espelha a violência e a opressão que permeiam a vida de Francisco.  Suas filhas, amantes e empregadas se tornam vítimas de sua busca incessante por poder e dominação, refletindo uma realidade ainda presente na vida dos brasileiros.  A obra nos confronta com as raízes profundas da violência e da desigualdade, questionando se estamos, de fato, livres de um passado doloroso. O livro conta ainda com a apresentação do renomado jornalista e escritor Zeca Camargo,  acrescentando um olhar crítico e perspicaz à obra. 

 

O autor utiliza a seca e a estiagem do cerrado como uma metáfora para a vida árida e desolada de Francisco, um homem marcado pela sua própria violência e pela opressão. As relações de Francisco com as mulheres em sua vida, marcadas pelo poder e pelo controle, espelham a paisagem seca e desértica. No entanto, a chegada da chuva, simbolizando a fé e a esperança,  traz a promessa de transformação. A festa do Divino, um momento de celebração e união,  irriga o coração de Francisco, despertando a possibilidade de redenção e mudança.  A chuva, então,  não apenas  alimenta a terra do cerrado, mas também  simboliza a esperança de regeneração moral e social do protagonista.

 

 "Divino Imperador do Cerrado" não é apenas uma obra literária, mas um grito de alerta sobre a urgente necessidade de debatermos a sociedade patriarcal no país. A obra de Chico Gayoso funciona como um poderoso catalisador para essa conversa crucial, confrontando-nos com a violência estrutural que permeia nossas relações e nos convidando a buscar alternativas para construir um futuro mais justo e igualitário. Na 27ª Bienal do Livro SP,  o autor estará presente para apresentar a sua obra ao público e participar de debates sobre o papel da literatura como ferramenta de transformação social,  abrindo um espaço para reflexões profundas sobre a realidade brasileira e as possibilidades de mudança.

 

Trecho do livro:

 

“Inda pergunta? Parece qui esqueceu da disgraça que fez pra todo mundo dessa famia. Sempre se achô o dono de todas nóis, podendo fazê o que bem e mal entendesse. Cê lembra do dia que “ganhei” essa cicatriz na cara, meu pai? (O episódio materializa-se na narrativa de Joana) Eu tava ali fora deitada na rede, o senhor chegô bêbo. Falô pra minha mãe ir pro quarto, disse qui queria falar só comigo. Maria e Janaína já tava durmino. Tereza tava terminano de limpá a cozinha, entendeu o recado e foi pro quarto dela tamém. O senhor chegô perto de mim c’o bafo pôdi de cachaça e começô a me beijá. Falô pr’eu pensá ni Joaquim. Nunca aceitô eu ter abraçado ele no curral aquele dia, e acabô com a vida do coitado. Sabe por quê? Porque num consegue vivê com a ideia de que existe otro hômi no mundo. Nem imagem de santo hômi entra nessa casa. Até os bicho de estimação da casa tem que sê fêma”. Página 36.

 

Apresentação de Zeca Camargo:

 

“A gente sempre espera pela alvorada. Mesmo sabendo que ela nem sempre traz o que a gente quer.

Às vésperas da festa do Divino, temos o resumo da maldade e da paixão cultivada de maneira errada na figura de um homem que sempre fez o que quis. Mas será que fez mesmo?

A crueldade Francisco não é uma exclusividade dele. É fruto de gerações e gerações que criaram uma cultura quase sufocante no Brasil, que está longe de deixar de existir. As mulheres da sua vida, meras desculpas para destilar sua ruindade. O isolamento, longe de ser uma paz, é um transtorno que Francisco cultiva para sabotar a si mesmo.

Mas a Alvorada está para chegar. As filhas, empregadas e amantes desse homem que, como tantos, se acostumou a só definir sua vida a partir dessas relações, nunca de afeto — elas nem sabem que com a festa virá uma revelação.

Não exatamente uma epifania, uma vez que a fé, tão presente, parece não ter poder muito além do altar. Mas chega com a festa uma nova esperança para aquele mundo tão sem. Finalmente todo sofrimento será expurgado, toda a tristeza será recompensada e toda a indiferença se tornará presença. O divino será terrestre.

Não é só o sol que chega com o novo dia. O passado também vem visitar Francisco e o obriga, aos 80 anos, a reescrever o presente. Mas para quem ele vai contar suas histórias agora? Para as pessoas que ele afastou a vida toda?

Chico Gayoso faz um retrato forte e inesquecível de uma família que é ao mesmo tempo tão próxima e tão distante de nós. Resistimos a pensar que temos algo desse dna em nossa árvore genealógica, mas será que estamos tão protegidos assim de repetir um passado?

A tristeza, como sabemos, avança sempre num loop. E só está esperando uma nova Alvorada para nos reencontrar”.

 

Sobre Chico Gayoso  

 

 

Chico Gayoso é jornalista, ator, produtor cultural e Doutor em Comunicação e Cultura. Sua vasta experiência em Jornalismo Cultural, Comunicação Organizacional e Assessoria em Comunicação,  somada a sua paixão pelas culturas populares e contemporaneidade,  torna sua obra um retrato autêntico do Brasil.   

"Divino Imperador do Cerrado"  é uma obra que promete provocar debates importantes sobre a história do Brasil e as raízes da violência em nossa sociedade.  

 

Instagram do autor:  https://www.instagram.com/chicogayoso/ 

 

FICHA TÉCNICA:


Título: Divino Imperador do Cerrado

Autor: Chico Gayoso

Editora: Urutau

Categoria: dramaturgia; literatura brasileira

ISBN: 978-65-5900-489-8

Páginas: 68 

Preço: R$48,00

Ano de lançamento: 2023

Link da editora: https://editoraurutau.com/titulo/divino-imperador-do-cerrado 



 

SERVIÇO: 

Autor premiado Chico Gayoso é presença confirmada na Bienal do Livro SP 

15 de setembro de 2024, às 14h

Estande da editora Urutau

 A 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo acontecerá entre os dias 06 e 15 de setembro de 2024, no Distrito Anhembi.


 

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ALEX YAN DA COSTA MENDES
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