A Chanel é considerada uma das maiores e mais luxosas empresas no segmento da moda, perfumaria e maquiagem, sendo referência para outros grandes nomes do ramo. O interessante, é que internamente a empresa aplica uma política um tanto quanto diferente com seus colaboradores. Nos trinta primeiros dias de trabalho, os funcionários seniores devem assumir um posto de observação e escutatória nas reuniões, a fim de assimilar as estratégias dos negócios e para construir um foco e conexão com os demais colegas de trabalho.
Esse é um exercício comum da escutatória, termo utilizado para descrever a capacidade de dar atenção a quem está falando algo, em situações onde aprender é mais importante que ensinar e esse é um pilar muito importante da comunicação assertiva.
A palavra ‘’escutatória’’ não existe formalmente no dicionário, mas foi popularizado por Rubem Alves, conhecido escritor e psicanalista brasileiro. Ele criou essa expressão para enfatizar a relevância da arte de ouvir, em oposição à “oratória”, que é a arte de falar. Nas palavras do escritor, “A escutatória é a capacidade de ouvir com atenção e empatia, valorizando o que o outro está dizendo, sem interrupções, julgamentos ou a necessidade de impor sua própria opinião.”
Em uma sociedade barulhenta onde todos querem falar, a habilidade de ouvir é rara e extremamente valiosa. Ouvir é praticamente um ato de amor e respeito, portanto, a escutatória, vai além da simples audição, é um exercício de presença e conexão com o interlocutor. E você, nas suas reuniões de trabalho, tem mais a preocupação de falar ou de escutar?
A especialista em oratória, Karina Pachiega, que possui mais de 23 anos de experiência como jornalista, sendo 17 anos deles nas principais emissoras do país, tem algumas dicas importantes para melhorar as habilidades de ouvir, ato esse que exige prática e consciência. Confira:
1. Pratique a atenção plena: Concentre-se totalmente na pessoa que está falando, evite pensamentos distrativos e o uso de celulares, tablets e qualquer outro tipo de atividade que possa dividir sua atenção.
2. Observe sinais não verbais: Existem inúmeras formas de se comunicar, sendo assim, atente-se aos detalhes. Fique atento à linguagem corporal, às expressões faciais e ao tom de voz, que podem revelar sentimentos e intenções não expressas verbalmente.
3. Resista ao impulso de interromper: Sabemos que pode ser muito difícil não expressar uma opinião acerca do assunto tratado, mas mesmo que tenha uma resposta imediata, espere até que a outra pessoa termine de falar. Isso demonstra respeito e permite que ela complete seu raciocínio.
4. Pratique a empatia: A empatia é uma importante chave para as relações humanas, mesmo em um ambiente profissional, tente compreender o ponto de vista da outra pessoa, suas emoções e motivações. Isso ajuda a ouvir de maneira mais profunda e conectada.
5. Valide sentimentos: Deixe seus julgamentos de lado e reconheça os sentimentos do interlocutor, em muitos casos ser ouvido e compreendido é mais eficaz do que oferecer soluções imediatas.
Por exemplo, dizer “Entendo que isso deve ser difícil para você”.
6. Cultive a humildade: Reconheça suas vulnerabilidades, fraquezas e esteja aberto a novos aprendizados. Aborde as conversas com a mente aberta, com disposição para aprender algo novo, isso poderá facilitar a prática da escuta com genuíno interesse.
Ao aplicar essas práticas regularmente, você pode aprimorar sua capacidade de ouvir de forma mais eficaz, criando conexões mais profundas e significativas com os outros. Afinal, não é à toa que temos dois ouvidos e apenas uma boca.
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Thais Moreira Fernandez Mazer
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