02/09/2024 às 15h40min - Atualizada em 03/09/2024 às 00h11min

Como a IA redefine carreiras e cria novas oportunidades

Giuliana Corbo*

ANA SARTORI
Nearsure/Dilvulgação
O avanço acelerado da Inteligência Artificial (IA) está moldando uma nova realidade no mercado de trabalho, exigindo uma transformação profunda nas habilidades dos profissionais. Em um cenário no qual a tecnologia não apenas redefine funções tradicionais, mas também cria novas oportunidades e desafios, a atualização contínua por meio de upskilling (capacitação) e reskilling (requalificação) se apresenta como uma estratégia importante para a manutenção da competitividade e relevância tanto para indivíduos quanto para organizações.

Nas últimas décadas, o mercado de trabalho experimentou mudanças substanciais, mas a chegada da IA promete ser uma das mais disruptivas e desafiadoras. Segundo a Harvard Business Review, a meia-vida das habilidades, especialmente nas áreas tecnológicas, reduziu-se drasticamente, de cinco anos para menos de três em alguns casos.
Embora exista uma preocupação sobre a possibilidade dessa tecnologia substituir os trabalhadores humanos, as previsões da PwC indicam que a inteligência artificial pode criar cerca de 2,7 milhões de empregos líquidos no Reino Unido até 2037.

Para que empresas e profissionais se mantenham relevantes, é necessário que ambos adotem uma abordagem proativa em relação ao desenvolvimento de habilidades. O upskilling, que envolve o aprimoramento das competências já existentes, oferece aos profissionais a oportunidade de se aprofundar em áreas emergentes e atender às novas demandas do mercado. Um exemplo notável dessa estratégia é a Universidade de Machine Learning da Amazon, que tem capacitado desenvolvedores a se tornarem especialistas em uma das tecnologias mais promissoras da atualidade.

Por outro lado, o reskilling, ou requalificação, permite que os profissionais façam uma transição para novas áreas ou funções, tornando-os mais versáteis e, consequentemente, mais atraentes para os empregadores. Um desenvolvedor de front-end, por exemplo, que deseja se tornar um profissional full-stack precisa adquirir conhecimento sobre novas tecnologias, frameworks e linguagens, para expandir seu leque de habilidades e garantir uma adaptação às mudanças do mercado.

De acordo com o World Economic Forum, até 2027, cerca de 44% dos trabalhadores precisarão atualizar suas habilidades essenciais. O relatório "Future of Jobs" destaca que quase metade dos profissionais em todo o mundo precisará se adaptar aos avanços tecnológicos. Neste contexto, a pergunta que se impõe é: como os profissionais e as empresas podem se preparar para essas mudanças inevitáveis?

A primeira etapa para se preparar é antecipar as demandas do mercado. Em vez de focar nas possíveis perdas de empregos, os especialistas sugerem que os profissionais concentrem seus esforços nas novas oportunidades que surgirão. Identificar quais funções terão maior demanda, quais habilidades serão mais valorizadas e o que as empresas estão buscando se torna essencial para garantir a relevância no mercado de trabalho.

Além disso, é importante abordar proativamente as lacunas de habilidades. Expandir o conhecimento e a expertise, seja por meio de educação formal, cursos online ou treinamento no local de trabalho, é uma maneira eficaz de se preparar para novas funções. No Brasil, 66% dos profissionais estão utilizando a IA generativa para estudos, aprendizado e pesquisa, segundo o estudo global “How Work Preferences Are Shifting in the Age of GenAI”, realizado pelo Boston Consulting Group.

Paralelamente, o desenvolvimento de habilidades não técnicas também ganha destaque. O pensamento analítico, por exemplo, surge como uma das habilidades mais procuradas pelas empresas, seguido de perto pelo pensamento criativo. Adicionalmente, competências como adaptabilidade, curiosidade e comprometimento com o aprendizado contínuo estão se tornando cada vez mais valiosas em um mercado de trabalho em constante transformação.

Não menos importante é a exploração de oportunidades dentro da própria empresa. Muitas vezes, caminhos de desenvolvimento de carreira e programas de treinamento especializado estão disponíveis internamente. Além disso, buscar orientação de mentores e gerentes pode proporcionar insights valiosos e apoio na jornada de crescimento profissional.
Diante das transformações aceleradas trazidas pela Inteligência Artificial, a chave para prosperar nesse novo cenário é a adaptação contínua. Compreender e adotar estratégias de upskilling e reskilling não é uma oportunidade para enfrentar as mudanças iminentes. A preparação adequada, fundamentada em uma abordagem focada no desenvolvimento de habilidades, será o diferencial para aqueles que desejam não apenas sobreviver, mas também liderar na nova economia digital.

*Giuliana Corbo é CEO da Nearsure.
 

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ANA PAULA SARTORI
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