23/08/2024 às 15h20min - Atualizada em 26/08/2024 às 08h08min

O desempenho olímpico brasileiro e os altos investimentos 

*Emerson Liomar Micaliski 

VALQUIRIA MARCHIORI
Rodrigo Leal

A conquista de medalhas olímpicas é um dos momentos mais celebrados no esporte brasileiro. Cada pódio alcançado carrega histórias de superação, resiliência e determinação. Os atletas brasileiros que alcançam essa conquista, não apenas entram para a história do esporte, mas também se tornam símbolos de orgulho e inspiração para as pessoas em todo o país.  

Ao longo das últimas edições, o Brasil tem melhorado sua posição no cenário olímpico mundial. Embora tenhamos a preferência e destaque em esportes tradicionais como o futebol e o vôlei, são os esportes de judô, atletismo, vela e natação que renderam ao Brasil mais medalhas, ao longo da história dos Jogos. Destaque também, para os esportes emergentes como o skate e o surfe, que somados à ginástica, boxe e canoagem fecham a diversidade de maiores alcances de pódios por atletas brasileiros.  

Ainda com essas conquistas, é nítido que ficamos longe de outros países, quando olhamos o quadro de medalhas. Entre as justificativas para esse distanciamento, percebe-se algumas celebridades, “influenciadores digitais” ou inúmeros internautas citarem a falta de apoio ou investimento, principalmente do governo, nos esportes olímpicos. Mas será isto mesmo?   

Entre os principais pilares de investimento no esporte destaca-se a Lei Agnelo Piva, que desde 2001, destina 2% dos recursos arrecadados via apostas em loterias esportivas ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e ao Comitê Brasileiro de Clubes. Segundo dados do Instituto de Inteligência Esportiva da Universidade Federal do Paraná, no último ciclo olímpico, sem contar o ano de 2024, foram repassados mais de R$ 3,3 bilhões.   

Outro programa de investimento funciona por meio de empresas que financiam projetos a partir de renúncias fiscais, chamado Lei de Incentivo ao Esporte, com início em 2007, já soma valores de R$ 5,5 bilhões doados para quase 9 mil projetos do país, segundo dados do Instituto de Inteligência Esportiva, 2024. Além dessas iniciativas, destaca-se o Programa Bolsa Atleta, um programa de patrocínio individual do governo federal que, desde 2005, repassa valores com base no desempenho esportivo do contemplado, atualmente, varia entre R$5.543 e R$16.629 por mês. Conforme os valores publicados na Agência gov, o Bolsa Atleta repassou de forma direta a mais de 37,5 mil atletas olímpicos e paralímpicos de todo o país R$ 1,77 bilhão em recursos, ao longo dos últimos 20 anos.   

As recompensas, como prêmio que os atletas receberão pela conquista de cada medalha, são um excelente comparativo. Em dados globais, a Singapura será o país que dará o maior prêmio, US$ 750 mil para o atleta que alcançar a medalha de ouro em modalidades individuais. O Brasil, por sua vez, dará um prêmio de US$ 65 mil, equivalente a R$ 350 mil, pelo ouro. Valor este, superior à premiação dos Estados Unidos, de US$ 37mil. Somente a Rebeca Andrade soma R$ 826 mil em premiação pelas conquistas na Ginástica. Justo? Muito! Mas não entraremos nessa discussão.  

Mas, se o Brasil faz um investimento significativo, o que pode ser feito para melhorar o desempenho dos atletas no quadro olímpico? Essa resposta não é tão óbvia. Entretanto, com uma gestão eficiente a longo prazo e, com o aumento dos recursos e patrocínios aos clubes e atletas será possível melhorar a estrutura e a performance em diferentes modalidades esportivas. Além disso, o incentivo ao desenvolvimento projetos e ações sociais, com programas de bases bem estruturados, pode ser uma alternativa para ampliar o acesso à prática esportiva, e para garantir que mais brasileiros tenham a oportunidade de seguir o caminho de Isaquias Queiroz, Rebeca Andrade, Rafaela Silva, entre outros. 

*Emerson Liomar Micaliski – Doutorando em Educação Física e Coordenador dos cursos de Pós-Graduação da Área de Educação Física e Esporte da Uninter.  

 


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VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
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