A importância da adoção de práticas de Environmental, Social e Governance (ESG) tem sido reconhecida pelas empresas brasileiras do Ibovespa. Em 2023, 91% das companhias de capital aberto no país publicaram relatórios destacando os resultados não financeiros do ano.
Os dados são de um estudo realizado pela PwC, em parceria com a Ibracon, e evidenciam o crescimento da preocupação das empresas com práticas sustentáveis e responsáveis. Quando comparado com os anos anteriores, essa foi a maior proporção de divulgação de relatórios com temas ESG.
Na tradução para o português, o conceito engloba as práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa, seja ela de qualquer porte ou segmento. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), além de ser um diferencial competitivo e atrair investidores para o negócio, a sociedade e o mercado veem com bons olhos as organizações que se preocupam com essas questões.
A pesquisa feita pela PwC e a Ibracon analisou 82 empresas, entre maio e agosto de 2023. Pelo menos nove índices de mercado relacionados ao tema ESG foram citados nos relatórios, com destaque para o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e o Índice Carbono Eficiente (ICO2), ambos da B3.
Apesar de ser percebida uma maior preocupação em relação às mudanças climáticas e maior adesão ao GHG Protocol, as empresas ainda estão no início da jornada de descarbonização: 93% delas não se declararam carbono neutro. No entanto, 30% divulgaram metas de redução que foram validadas, o que significa crescimento em relação aos 19% obtidos na edição anterior da pesquisa.
A agenda ESG foi recorrente nos temas de riscos estratégicos apresentados nos relatórios analisados. Cerca de 80% das empresas informaram que as ameaças socioambientais já estão incorporadas à matriz de riscos estratégicos, dessa forma, integram o programa corporativo.
Em segundo lugar está o risco macroeconômico, referente a taxas como as de juro e de câmbio. Na sequência são citados os riscos socioambientais, cibernéticos, corporativos e reputacionais.
Quando analisados os fatores relacionados à governança corporativa, foi percebida maior transparência nos casos de corrupção. A divulgação das estatísticas dos canais de denúncia passou de 57% nos relatórios analisados na primeira edição do estudo para 80% na atual.
O Sebrae informa que a governança corporativa é a gestão responsável e necessária a toda empresa, pois traz os princípios de transparência e credibilidade. As organizações que não estão alinhadas a uma política de conformidade correm o risco de perderem espaço frente aos concorrentes.
Pensando nisso, as empresas devem priorizar estratégias de governança e compliance como pilares da cultura organizacional, cumprindo as regulamentações que regem o setor, o que inclui desde o pagamento de impostos até a segurança de dados dos clientes.
Adotar práticas de governança envolve responsabilização dos líderes e transparência nas operações. Esses princípios asseguram que a empresa seja administrada de maneira ética e evitam conflitos de interesse e abuso de poder.
Além de mitigar riscos e evitar multas e sanções, empresas com um sistema de compliance ativo estão mais aptas a fortalecerem a reputação da marca e a conquistarem a confiança de investidores, clientes e parceiros.
A letra “S”, da sigla ESG, se refere às questões que a organização tem com as pessoas do seu entorno, como a valorização da saúde e da segurança no ambiente corporativo, a aderência aos direitos trabalhistas e o apoio à diversidade e à inclusão.
A pesquisa realizada pela PwC e pela a Ibracon mostrou que as divulgações relacionadas à inclusão e diversidade também têm avançado no Brasil. A participação de mulheres na alta liderança foi divulgada por 84% das companhias, já a presença feminina nos Conselhos de Administração foi mencionada por 83%.
Entretanto, as companhias de capital aberto ainda precisam avançar. As informações demográficas sobre os marcadores de raça evidenciam a omissão em relação à divulgação da presença de pessoas negras como líderes ou conselheiros. Entre as poucas empresas que divulgam esses dados, apenas 33% destacaram a presença de pessoas negras na alta liderança e 18% no Conselho de Administração.
Outro estudo também revelou o aumento da adesão de empresas aos pilares ambientais, sociais e de governança. Realizado pela Amcham Brasil, em parceria com a Humanizadas, a nova edição da Pesquisa Panorama ESG revelou que 71% das empresas estão adotando as práticas ESG este ano.
Quando comparado com 2023, o resultado indica o crescimento de 24 pontos percentuais, visto que a adoção dessas iniciativas era de apenas 47%. A pesquisa mapeou a percepção de mais de 680 executivos de todo o Brasil sobre os desafios e as oportunidades da Agenda ESG.
O levantamento concluiu que a responsabilidade por liderar a agenda do SEO deve estar na mão dos CEOs, de acordo com 77% dos entrevistados, e com apoio do governo (67%). A Amcham Brasil evidencia que o engajamento direto do topo das empresas é essencial para que essa agenda seja tratada como estratégica, devendo vir acompanhada de políticas públicas de qualidade.
A capacitação e o desenvolvimento de lideranças e colaboradores, a importância de integrar a sustentabilidade na estratégia de negócios da empresa e a previsão de orçamentos específicos e recursos financeiros adequados para viabilizar as iniciativas ESG estão entre os principais fatores críticos indicados para o sucesso das práticas sustentáveis.
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MARINA FERNANDEZ GUEDES
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